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terça-feira, 19 de julho de 2011

Roseli Godoy


FELIZ ANIVERSÁRIO, MANA QUERIDA!!!

     O aniversário é dela, portanto a homenagem é para ela, mas quero começar lembrando e reconhecendo o quanto sou uma pessoa de sorte, abençoada por Deus no quesito “família”, entre outros!

Há quem pense que sou uma largada no mundo, com razão, pois até mesmo eu penso isso algumas vezes, rs... mas como todo ser que se preze, ou não, tenho origens, com raízes fortes e bases muito sólidas. Recebi uma educação cristã onde minha mãe ensinou o amor, a prática do respeito, da fidelidade e nos deu exemplos de tantos outros itens listados numa pessoa de caráter.

Minhas duas irmãs, Sueli e Roseli, herdaram muitas das qualidades da nossa mãe, e hoje destaco a pessoa incrível que é a Roseli, irmã do meio, o recheio do sanduíche, uma parte especial das nossas vidas, que com seu grande e largo sorriso a todos contagia.

Foi uma criança levada, comilona, divertida, adolescente rebelde, criativa, nada estudiosa, até se tornar professora de Inglês! Jovem linda, agitada, caridosa, cheia de coragem e ousadia. Viajou aos EAU onde se tornou mãe de dois lindos meninos, meus Godoy Boys...rs e esposa do meu cunha Darrel.

Extremamente dedicada, muito trabalhadora, talentosa para a música, tocar e cantar. Tem muito bom gosto para tudo o que faz, tanto no sentido estético do termo como no sentido prático da vida em querer sempre ajudar as pessoas (até mesmo as que não precisam!!!) e em se preocupar com tudo ao seu redor (até com animais e plantas!!!).

Ela é pura emoção e consegue nos emocionar também, pois sua pessoa é marcante, não há quem não goste dela, assim como foi a minha mãe, que deixou este mundo sendo uma pessoa muito amada e admirada por todos ao seu redor!

Queria registrar aqui, não uma lista de qualidades ou defeitos, que também são muitos...rs, mas o meu carinho por você e a minha eterna gratidão a Deus por ter dado a honra de ser sua irmã mais nova, a mimada caçulinha de quem você tanto judia com seus afagos e abraços exterminadores...rs, quase me quebra quando resolve pular em cima de mim, de tanto amor!!! Divertida que só ela...rsrsrs

Esse carinho de família é único e inesquecível, espero que ao ler isso cada um se lembre de uma parte gostosa da vida que lhe encha dessa mesma saudade! Efeito "Roseli"...rs!

Te agradeço por tudo o que você representa para mim, agradeço a Deus por você ser exatamente assim como é, e desejo toda felicidade do mundo a você, em especial neste dia do seu aniversário!



SOU FELIZ POR VOCÊ... TE AMO!!!


Com carinho,

Tatá
19/07/2011



PS: SUE, VC TAMBÉM MERECE TODAS AS HOMENAGENS DE IRMÃ DO ANO!!! Em janeiro eu só pensava no mestrado...HEHEHE... Sendo assim dedico minha aprovação no processo seletivo a vc, VALEU????
Bjss te amo tb, Tatá!


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sexta-feira, 15 de julho de 2011

Jornalismo com Função Social na Revista Realidade (1/3)


Revista Realidade 1967:
Jornalismo com Função Social *
 

RESUMO DO ARTIGO

     No final da década de 1960, um dos veículos de comunicação chamou a atenção do público leitor por sua ousadia em tratar assuntos polêmicos, preconceituosos e tabus de forma direta e profunda. Em janeiro de 1967, a revista Realidade colocou a mulher brasileira em foco e teve sua edição cassada pela censura militar e moralista. Mas com o recurso do jornalismo literário ainda teve fôlego para resistir e sobreviver por mais algum tempo, levando seu compromisso de exercer um jornalismo com função social e futuramente servir como repositório de memória. Este artigo visa relembrar a importância da revista Realidade para as mudanças sócio-culturais de uma época específica.

Palavras-chave: Realidade; censura; memória; jornalismo; função social.
 
INTRODUÇÃO

    
     A revista Realidade foi lançada pela Editora Abril, no mês de abril de 1966. Teve uma vida de 10 anos, sendo que nos dois primeiros anos de existência, criou e estabeleceu um estilo próprio e diferenciado das publicações da mesma época.


Usava como uma das estratégias principais o Jornalismo Literário, estilo de origem americana, conhecido como New Journalism, técnica que se utilizava dos recursos literários para escrever com profundo Realismo, ou seja, de forma a aproximar o leitor da verdade, do real, de forma inovadora. Proporcionava ao leitor a sensação de ler uma obra de ficção, embora fosse realidade e, por se aproximar de um estilo artístico, levava mais tempo do que os textos comuns, sendo mais elaborado e escrito por poucos profissionais.


Um dos propósitos da revista Realidade era abordar temas que quase não eram tratados em outras publicações, e que quando isso acontecia, se dava com pouca ênfase, talvez apenas para cumprir certa “obrigação”, e não pelo interesse genuíno de se fazer uma pesquisa mais a fundo revelando o que pensava e o que sentia a população brasileira a respeito de tais assuntos. Realidade se aprofundava em suas pautas. Algumas reportagens levavam semanas, e até meses para ser concluídas. Faro (1999) relata que para os padrões da época a revista Realidade trouxe algo novo para o leitor, rompendo com o estilo tradicional das outras publicações:


Realidade, no entanto, vai além. Como se trata de uma revista mensal, livre das imposições que o ritmo da contingência impõe a um jornal diário, a publicação se estende nos temas pautados, tanto quanto o leitor convive com eles durante um período prolongado. Nessa medida, a grande reportagem, de caráter vertical, domina a revista. E, em razão disso, o repórter molda o texto que, pela forma utilizada, também diz respeito aos padrões culturais do cotidiano das classes médias urbanas (FARO, 1999: 41).


O desafio era tocar em questões polêmicas e desvendar os tabus de forma franca, para desmistificar estes assuntos, informar ao leitor, apresentar dados que se tornassem do conhecimento do público, e possivelmente viessem a contribuir com uma mudança social, quebrando tabus e preconceitos que em nada favoreciam o bem estar social daqueles que passavam por tais problemas e situações.


Contudo, ser pioneira teve o seu preço. Maia (1986) analisa a dificuldade deste pioneirismo em ser a primeira revista no país a tratar assuntos tabus: “logo na décima edição ficou claro que fazer jornalismo abordando temas de comportamento em 1966 era mais que um desafio, era um confronto com o conservadorismo da sociedade brasileira” (MAIA, 1986).


Tocar em assuntos polêmicos, tabus e preconceitos, incomodou então uma parte da sociedade que era moralista e também despertou a atenção da censura, que desde o Golpe Militar em 1964 se manifestava, podando alguns movimentos que pudessem dar a impressão de discordar com o regime de governo instalado no país. E de fato não agradou a todos, embora a revista tenha mudado a cara do Brasil, estabelecendo a “geração Realidade”, como conhecida nos anos 70. Maia (1986) avalia seus efeitos da seguinte forma: “O Brasil de 60 é irreconhecível hoje (anos 80), deu um salto em abertura intelectual, em abertura de informações” (MAIA, 1986).


Com a chegada do AI-5 a revista teve que mudar seu formato e aos poucos se descaracterizou até deixar de ser o que era. Em 13 de dezembro de 1968 foi declarado o Ato Institucional número 5 – o AI-5 – que determinava entre outras regras divulgadas em documentos oficiais: “Censura prévia aos veículos de comunicação que não se alinhassem à ordem social preconizada pelo regime militar”. Alguns dos funcionários do Serviço de Censura e Divisões Públicas decidiam o que o público poderia ou não ler, assistir, ouvir. Eles determinavam as proibições de livros, revistas, peças de teatro e músicas, entre outras ações.


Como dito antes, não apenas o governo tinha a sua censura, mas a própria sociedade também se manifestava em muitas situações para contestar as matérias publicadas pela revista Realidade. Contudo, a revista alcançou um crescimento histórico para a época, tendo sua tiragem duplicada em aproximadamente 06 meses. Segundo divulgado na Edição número 11, em fevereiro de 1967, Realidade logo alcançou a tiragem de 475 mil exemplares por mês, com 3 leitores para cada exemplar, somando então cerca de 1,5 milhão de leitores em todo território nacional.


* Leia a continuação deste artigo no texto 2/3 (abaixo). A conclusão e as referências bibliográficas encontram-se na parte 3/3.
 
 
TALITA GODOY
JULHO/2011
 
 
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Jornalismo com Função Social (2/3)



Efeitos Sócio-Culturais*

     A revista Realidade contou com o talento de repórteres que atuavam como autores capazes de transcrever a vida real de forma diferenciada e única - especialmente quando o assunto era polêmico - focou personagens comuns que revelavam um Brasil desconhecido. Uma nova leitura que estabeleceu uma relação entre produto e consumidor. A adoção deste novo gênero buscava retratar um período de mudanças importantes para a sociedade.

Martín-Barbero (1995) define os gêneros como estratagemas da comunicação, diretamente ligados aos movimentos sociais:

O gênero é um estratagema da comunicação, completamente enraizado nas diferentes culturas, por isso, geralmente, não podemos entender o sentido dos gêneros senão em termos de sua relação com as transformações culturais na história com os movimentos sociais. Os gêneros têm muito a ver com os movimentos sociais (MARTIN-BARBERO, 1995:65).

Numa volta ao tempo, encontra-se nos anos 60 uma época em que o realismo teve grande poder de influência no leitor, técnica vista por Wolfe (2005) da seguinte forma:


"A força psicológica, moral, filosófica, emocional, poética, visionária (podem-se fornecer tantos adjetivos quanto for preciso) de Dickens, Dostoievski, Mann, Faulkner, só existe porque eles primeiro conectaram seu trabalho ao circuito principal, que é o realismo" (WOLFE, 2005:58).

Wolfe (2005) compara a introdução do realismo na literatura como sendo “a introdução da eletricidade na tecnologia da maquinaria” (WOLFE, 2005:58). E acrescenta que não foi apenas mais um recurso - para o jornalismo, deu aos jornalistas uma grande vantagem técnica. Para Wolfe (2005, p. 50), “os costumes e a moral foram a história dos Estados Unidos”, rotulando para sempre a década de 60 como uma época de contracultura, ruptura de paradigmas, permissividade sexual, do abandono de comportamentos tidos como adequados. Surgiram outras interpretações para assuntos polêmicos.


De forma semelhante, o mesmo aconteceu no Brasil e também nos outros países onde chegou a revolução da tecnologia em áreas como medicina e saúde, nas artes, na astronomia, na informática, levando as pessoas a um novo comportamento a partir destes avanços tecnológicos, como por exemplo, o uso da pílula anticoncepcional, que possibilitou a liberação sexual feminina. Este novo padrão de comportamento trouxe outros avanços sócio-culturais. No caso do Brasil, fez levantar questões como o desquite, o divórcio, o aborto, a mãe solteira, virgindade, fidelidade conjugal, e diversos outros tratados nas muitas edições da revista Realidade, que foi uma das primeiras a inovar também na divulgação de pesquisas feitas com o público leitor.


A primeira edição especial da revista Realidade que contou com a participação pública respondendo ao questionário, foi a de número 10, em janeiro de 1967, e teve 1200 mulheres que se voluntariaram. Já na segunda edição, de número 18, especial voltada aos jovens, em setembro de 1967, contou com a participação de aproximadamente 20.000 questionários respondidos compondo as pesquisas feitas.


Um dado interessante sobre os bastidores da edição número 18 é uma foto publicada na Edição 19 mostrando a redação lotada de papéis, cartas e cartões-resposta que foi publicado na edição 17 para que o leitor a respondesse e a enviasse de volta à redação. Alguns fizeram cópias para reproduzir o encarte e distribuir para mais pessoas, como aconteceu em Pernambuco, Salvador e Teresópolis, no Rio de Janeiro (Realidade, Edital da Edição 19, 1967:3).


Vilas Boas (1996:105) relembra que a revista pretendia desvendar o mundo do jovem universitário para concluir se ele era de fato tão subversivo como levava a fama, e para isso convidou Alberto Libânio, mais tarde conhecido como Frei Beto, que aos 22 anos, passou um mês convivendo com os jovens de uma universidade em Belo Horizonte. Como resposta, “Libânio extraiu, com simplicidade, a essência de uma época inquieta, em franca transformação” (VILAS BOAS, 1996:106).


Assuntos polêmicos ou preconceituosos, tendo por alvo a mulher, centro de tantos tabus, causaram a apreensão da edição especial voltada a ela, número 10, em janeiro de 1967. O posicionamento da revista Realidade sempre foi o de tocar nestes pontos a fim de trazer uma visão realista, como definem seus editores:


"Desde nosso primeiro número, em abril de 1966, manifestamos a opinião de que a única maneira de resolver problemas é enfrentá-los. E nos meses que se seguiram, a jovem equipe que faz esta revista procurou não perder de vista as dúvidas e problemas que são continuamente levantados, ponderados e debatidos no Brasil inteiro. A recepção foi entusiástica: em apenas seis meses, REALIDADE alcançou a maior tiragem do país, com 475.000 exemplares e mais de um milhão e meio de leitores por edição. (...) Assim, embora pretendamos continuar debatendo os grandes problemas nacionais, devemos supor que – de repente – não mais vão aparecer moças menores e grávidas diante dos juízes de Menores. Que a esmagadora maioria das jovens chega virgem ao casamento. Que mulheres casadas jamais apelam para a interrupção intencional da gravidez. Que há unanimidade da opinião pública a favor do desquite como melhor solução para um casal que vive sem amor. E que – enfim – todos estes problemas só voltariam a existir se e quando fossem novamente levantados por Realidade" (Editorial, Edição n. 11, 1967).



SILÊNCIO E PRECONCEITO

Na edição número 11, a jornalista Carmem da Silva escreve para a seção “Problema”, abordando a razão dos preconceitos. De forma sutil e inteligente, ela começa falando de filosofia, mostra os preconceitos violentos sofridos por Sócrates, Galileu e os preconceitos fanatizados de Hitler e Goebbels. Sobre eles, o preconceito e o interesse de alguns.


Segundo Carmem da Silva: “para afirmar um preconceito é preciso cercá-lo de um ar sagrado, que torne sacrílegas a análise e a discussão em termos racionais” (Edição 11, 1967:27). Silva explica claramente aos leitores da revista Realidade que há por trás de todo preconceito interesses em se deixar determinada situação como ela é, isso por que estas pessoas são favorecidas pelo sistema vigente nas atuais condições:

Talvez tivessem uma ou outra restrição miúda a fazer, mas preferem não modificar nada porque uma mudança traz outra, a evolução age em cadeia e ao alterar esta ou aquela faceta adversa, correriam o risco de vir a perder tudo o que lhes é propício. O imobilismo fica sendo, assim, a posição mais segura: a ela se apegam com unhas e dentes, a ela tratam de atrair o maior número possível de adeptos. O resultado é a recusa sistemática em examinar os dados objetivos da realidade: querendo-a estratificada, coagulada, pétrea, negam seu caráter essencialmente fluído e opõem-se a qualquer tentativa de dinamizar e aperfeiçoar as instituições existentes (SILVA, Edição 11, p. 29, 1967).

Silva (1967) cita o aborto, as inscrições de prostitutas na polícia, as doenças venéreas que aumentam nos homens, desquites, homossexualidade. Assuntos polêmicos, que desta vez não foram censurados. Talvez porque ela elucida estas questões como sendo necessárias: porém sem “tornar válido o erro, nem codificar o mal, mas sim equacionar os problemas com realismo, sem perder a perspectiva do bem estar coletivo e da virtude socrática, associada à verdade e ao conhecimento” (SILVA, Edição 11, p. 29, 1967).


Ainda numa linha em que se procura justificar a postura da revista, na parte final do seu texto, Silva (1967) fala sobre a família, suas origens e conclui citando o sexo como sendo assunto – na opinião de uns e outros – indevidos às crianças, pois elas ainda não têm maturidade para compreender estes fatos; como se outros assuntos, como política ou o noticiário bélico fossem temas dirigidos a elas:

"Cabe aos pais não deixar ao alcance dos filhos o que possa impressioná-los desfavoravelmente ou feri-lhes a inocência. Sem dúvida a sociedade deve substituir os pais junto aos órfãos e desamparados. De qualquer forma, se proibirmos aos adultos, tudo o que for impróprio para crianças, acabará não havendo mais crianças – o que é uma pena" (Edição 11, p. 29, 1967).
Na edição seguinte àquela apreendida, onde o foco era a mulher, pouco se tratou de assuntos polêmicos. Os demais foram: futebol, astronautas, músicas do carnaval, igreja católica na Holanda, e outros que não davam margem a tantas críticas.


Foi desta forma, com o aumento da censura até sua efetiva determinação com a vinda do AI-5, que a revista Realidade passou por certos polimentos que a descaracterizaram, até que ela não resistisse, fosse perdendo seus talentosos repórteres e o seu vigor inicial. Deixou de existir 10 anos após sua fundação. Fatos como a apreensão da edição número 10 e a publicação de uma pesquisa tão abrangente como na edição número 18 fizeram dos seus dois primeiros anos um período especial para a história do jornalismo impresso nacional.


Jornalismo e Função Social


Observando os primeiros anos da revista Realidade, entre 1966 e 1968, nota-se uma franca defesa do direito à informação. Escolher assuntos polêmicos, tabus e preconceitos como temas das suas matérias, fazia com que a revista Realidade optasse por correr o risco de agradar ou desagradar demasiadamente. Ao que tudo indica, ela deu o passo certo, pois suas edições conquistavam um público leitor cada vez maior e participativo.


O exercício da cidadania pressupõe a sintonização com a realidade: e esta advém principalmente dos relatos jornalísticos. O cidadão, para decidir sobre o seu cotidiano e para dele participar conscientemente, precisa saber o que se passa – tomar conhecimento dos dados coletados apurados pelos jornalistas que estiveram no cenário noticioso. E essa necessidade social não se circunscreve absolutamente ao contato com os valores que os jornalistas ou empresários do jornalismo atribuem aos fatos da atualidade (MELO, 2006:48).


Mesmo com o temor da censura, a revista Realidade buscou exercer sua função social no jornalismo trazendo inovação editorial e contribuindo assim com as mudanças sócio-culturais da época. Dar espaço para a mulher como personagem central de uma edição inteira ou mesmo colocar mulheres para pesquisar e escrever também era um privilégio para algumas delas, que aos poucos foram cada vez mais conquistando seu espaço na mídia impressa.


Um dos casos, citados aqui anteriormente, é o número 10 da revista Realidade, lembrado por Buitoni (1990) como “apreendido em nome da moral e dos bons costumes” (BUITONI, 2009:105), cita Carmem da Silva como colaboradora especial nesta edição, no “Consultório Sentimental”, e jornalista responsável pela seção da revista Cláudia, também da Editora Abril: “A arte de ser mulher”, em que buscava dar um tom mais próximo ao de um aconselhamento psicológico do que o convencionalismo dos tradicionais consultórios sentimentais, outro avanço da época que indicava novas formas de se sentir, pensar e se comportar.


Buitoni (1990) constata a inovação da revista Realidade para com o público feminino: “Os temas apresentados nessa Realidade quase nunca surgiam nas páginas da imprensa feminina” (Buitoni, 2009:105). A sociedade conta com os órgãos de imprensa para sua formação de opinião, para informá-lo sobre os fatos de interesse público e com sua imparcialidade, embora certamente duvidosa, emparelhando seus interesses comerciais com os interesses do público leitor.


"A importância do jornalismo está contida na premissa de que precisa ser útil, de modo particular. Precisa dar ao público a sensação de que a vida não é apenas uma sequência de fatos ocasionais. A imprensa fracassa, neste sentido, tratando os assuntos à base de flashes que, instantaneamente, devem fazer com que o povo logo se esqueça e esteja pronto para absorver – e consumir – o que vem a seguir. Os critérios de seleção de notícias são falhos, superficiais. Da maior parte das notícias o público nem toma conhecimento. Estão boiando na superfície e os jornalistas só têm o trabalho de pescá-las. Não se quer dizer com isso que os assuntos que estejam em voga não mereçam discussão, mas, decerto, há vários temas ainda obscuros, que os jornalistas não se dão ao trabalho de investigar. Preferem ficar sob a luz dos assuntos que já conhecem e com os quais têm familiaridade – assuntos estes que não passam meras trivialidades, na imensa maioria dos casos" (VICHIATTI, 2005: 58).


Autores como Vicchiatti (2005), fazem uma crítica ao exercício do jornalismo que já era uma preocupação dos editores da revista Realidade, sair do senso comum procurando tratar das questões polêmicas como uma mediadora que informava ao leitor, como quem busca a raiz dos problemas. O autor ainda cita o caso da política, em que uma parte dos jornalistas se apóiam na tática dos políticos, deixando de lado o mais trabalhoso que seria levar à população informações substanciais quanto às estratégias efetivas de trabalho. Esta falta de empenho, numa elaboração mais apurada das reportagens, compromete sua qualidade final, que será apresentada ao público como informação. Portanto, o jornalista é responsável pela notícia que produz, ainda que toda a filosofia da empresa em que trabalha seja a determinante da objetividade ou não, da imparcialidade ou não, com que o texto é escrito.


O jornalista é, assim, um grande transformador da realidade social em que se insere, cuja ação se inspira numa síntese a ela adequada e que se elabora com as contribuições das áreas significativas do saber, em vista de reais problemas e de verdadeiras aspirações humanas, aplicando, nesta mesma ação, os meios técnicos especializados para sua plena eficácia (VICHIATTI, 2005: 59).


Faro (1999: 32) dedicou-se ao trabalho de analisar a revista Realidade em seus três primeiros anos e de acordo com Vichiatti, ele também concorda que o jornalismo tem esta capacidade e o dever de incorporar o cidadão no processo social, sendo uma mercadoria associada ao padrão cultural do leitor, então considerado o consumidor do produto notícia. Mas o jornalismo não deve ser analisado apenas pelo ponto de vista técnico, e sim como atividade cultural, como vínculo do processo histórico-social de uma nação.



*Leia a continuação, conclusão e referências bibliográficas abaixo, no texto 3/3.


TALITA  GODOY
JULHO/2011

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Jornalismo com Função Social (3/3)


Jornalismo e Memória*


     Entre as várias vertentes da função social do jornalismo, uma delas se destaca por cuidar do tempo, ou seja, de não permitir que a história se perca no passado, sendo sempre trazida ao presente, de forma significativa, ultrapassando as barreiras da pressa, da velocidade ou da vida líquida, como criticada por Bauman: “Velocidade, e não duração é o que importa. Com a velocidade certa, pode-se consumir toda a eternidade do presente contínuo da vida terrena” (BAUMAN, 2007:15).


Palácios (2010) ressalta a diferença entre história e memória apoiando-se em autores como Sodré (2009) e Nora (1993) esclarecendo que história é uma representação do passado, já a memória é um “elo vivido no eterno presente” (PALÁCIOS apud SODRÉ, 2010:39), enquanto Nora (PALÁCIOS apud NORA, 2010:39) diz que é preciso criar um lugar de memória, ou seja, eventos que tragam o passado à memória nos fazendo relembrar algo.


A importância do jornalismo está, portanto, no duplo lugar ocupado por ele na história: “espaço vivo de produção da Atualidade, lugar de agendamento imediato, e igualmente lugar de memória, produtor de repositórios de registros sistemáticos do cotidiano, para posterior apropriação e (re)construção histórica” (PALÁCIOS, 2006:40).


Vilas Boas (1996) cita que algumas revistas, como Life e Realdiae, lançaram mão do conto, mas não faziam literatura em suas reportagens. E compara que para o redator o uso da palavra é utilizado para expressar seus pensamentos e realidade, mas para o escritor ela é livre, podendo fazer e desfazer, sem o compromisso do redator com o real. Assim, o jornalismo torna-se um registro da memória:


De certa forma, os meios de comunicação impressos acabaram tomando o lugar do livro, principalmente no Brasil, onde o jornal serve como livro de texto. É um resumo dos conhecimentos humanos e acontecimentos do momento. Como categoria estética literária, a linguagem jornalística se caracteriza pela correção, clareza, precisão, harmonia e unidade (VILAS BOAS, 1996: 59).

Um dos exemplos vivos desta vertente do jornalismo como função social está no fato de que a revista Realidade era referência de comportamento para o seu tempo, influenciando diretamente uma geração de leitores e ainda o é, ao passo em que suas edições são retomadas para estudos freqüentes sobre como era aquela época, aproximando passado e presente, sendo arquivo de dados e ao mesmo tempo mecanismo de ativação da memória.


Outras funções sociais são citadas por Melo (2006) quando nos primórdios do jornalismo acadêmico, por volta dos anos 1950, ele já era considerado como o “quarto poder”; em 1960 surgem os comentários sobre a “lei da imprensa” e reflexões sobre o alcance social do jornalismo:


Este é um período em que o entusiasmo pela reflexão e pelo debate sobre o alcance social da atuação da imprensa e os limites éticos da ação dos profissionais do jornalismo no conjunto da sociedade brasileira, produz o resgate do “moralismo” (tão ao gosto dos políticos udenistas) de Rui Barbosa, no seu famoso discurso sobre “a imprensa e o dever da verdade”, que encontra em Carlos Lacerda não apenas um exegeta brilhante, mas sobretudo um divulgador apaixonado e um arquiteto habilíssimo da nova doutrina liberal sobre a ‘missão da imprensa’ (MELO, 2006:21).


Por outro lado, surgiam pensadores que questionavam as liberdades da imprensa em relação aos interesses comerciais que poderiam se envolvidos numa relação empresarial. Tais limites se davam no âmbito ético e moral ou legalista, mas os estudos da época prosseguiam no sentido de reafirmar a função social do jornalismo em noticiar temas importantes como serviço público, favoráveis ao desenvolvimento social e econômico (MELO, 2006:22).


Após o Golpe Militar de 1964, muita coisa mudou no jornalismo nacional. As escolas, como conta Melo (2006), passaram a analisar novas formas de padronizar a notícia para evitar constrangimentos com a censura, porém, de forma bem vista pela curiosidade e entusiasmo com o novo em termos técnico-editoriais.


Mais uma vez a revista Realidade se destaca como produto de memória, pois também sofreu com as perseguições da censura, mesmo antes do AI-5, como mencionado anteriormente.


E não foi apenas sobre os veículos comerciais que a censura exerceu hegemonia: mesmo em relação às produções acadêmicas havia controle. Algumas produções da USP, como “Técnica de LEAD”, em 1972, do mesmo autor consultado na produção deste artigo, Melo (2006), foi censurado embora fosse um “referencial didático para alunos de jornalismo da ECA – USP” (MELO, apud MELO, 2006:26). Somente no final da década de 1970 as produções técnicas, de cunho acadêmico, voltaram aos poucos a circular.


O medo de ser considerada “subversiva” fez com que muitas publicações deixassem de ser produzidas como planejadas ou desejadas originalmente. Desta forma a própria revista Realidade também foi se descaracterizando até deixar de ser o que era inicialmente, perdendo o interesse em sobreviver por muito mais tempo sob censura. Pensando numa provável substituição de produto editorial, a Revista Veja surgiu em 11 de setembro de 1967, pela Editora Abril. As duas caminharam em paralelo até 1976, fim da revista Realidade.



CONCLUSÃO

Apesar de questões relacionadas à objetividade, sempre estejam no limiar entre a ética e o interesse do veículo, quando o jornalista assume seu papel como ator social ele pode e deve ser o mediador entre os fatos e a cidadania, ao passo em que observa a realidade, seleciona os acontecimentos que sejam de interesse público e os divulga com intenção de informar.


Melo (p. 50, 2006) relaciona três valores para esta mediação do jornalista: a veracidade, a clareza e a credibilidade, tendo com árbitro desta objetividade o próprio leitor cidadão, com sua capacidade crítica de observar, analisar, comparar e até mesmo confrontar suas idéias com o descrito pelos jornalistas ou entre os diferentes veículos que trazem informação semelhante.


É questionável como se dá o desenvolvimento deste senso crítico do leitor, porém, ele determina o quanto um veículo de informação poderá influenciá-lo. Esta capacidade foi amplamente exercida nos primeiros anos da revista Realidade, mas logo passou a ser polida pela censura.


Nos dias atuais a prática está em risco pelo excesso de informações que surgem diante do público, especialmente para o internauta. Contextualizando a qualidade no presente, Vilas Boas (1999) alerta sobre a notícia em novos tempos: “A informatização não garante a qualidade da informação. Para não robotizar o homem e o veículo, é preciso criatividade. Não apenas na forma, mas também, e principalmente, no conteúdo” (VILAS BOAS, 1996:107).


A responsabilidade primeira, de exercer uma atividade jornalística com qualidade, está nas mãos do jornalista e do veículo para o qual ele trabalha. Responsabilidade de quem é mediador da notícia, de quem exerce o quarto poder - que é o da informação - com função social apta a influenciar uma geração de cidadãos consumidores da sua notícia.

REFERÊNCIAS

 
BAUMAN, Zygmunt. Vida Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.


BUITONI, Dulcília Helena S. Mulher de Papel: a representação da mulher pela imprensa feminina brasileira. São Paulo: Summus, 2009.


FARO, José Salvador. Revista Realidade 1996-1998: Tempo de reportagem na imprensa brasileira. Rio Grande do Sul: ULBRA/AGE, 1999.


MAIA, Monica. Realidade – a que a censura destruiu. Revista de Comunicação. São Paulo, 18 de out. 1989. Disponível em < http://www.revcom.com.br/rc/rc0.asp > Acesso em 06/01/2011.

MARTÍN-BARBERO, Jesús. América Latina e os anos recentes: o estudo da recepção em comunicação social. IN: SOUSA, Mauro Wilton de (org.). Sujeito, o lado oculto do receptor. São Paulo: Brasiliense, 1995. Pág. 39 – 68.

MELO, José Marques de. Teoria do Jornalismo: identidades brasileiras. São Paulo: Editora Paulus, 2006.

PALÁCIOS, Marcos. Convergência e memória: jornalismo, contexto e história. In: Revista Matrizes, Ano 4, N.1, São Paulo: JOHN B. THOMPSON, 2010.


SILVA, Carmem da. Preconceito: o bicho-papão, in: REVISTA REALIDADE. São Paulo, Editora Abril, n.11, fevereiro, 1967.


REVISTA REALIDADE. São Paulo, Editora Abril, números 10, 11, 18 e 19, 1967.


VICCHATTI, Carlos Alberto. Jornalismo: comunicação, literatura e compromisso social. São Paulo: Paulus, 2005.


VILLAS BOAS, Sergio. O estilo magazine: o texto em revistas. São Paulo: Summus, 1996.


WOLF, Tom. Radical chique e o novo jornalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.


POR: TALITA GODOY
JULHO/2011


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domingo, 3 de julho de 2011

"Educasssão da MATEMÁTICA no Brasil"


  Gosto de postar boas notícias, mas esta chegou por aqui e tb precisa ser divulgada para termos consciência da realidade das coisas. Bom para ficarmos de olho no nível de educação que as pessoas mais próximas a nós têm recebido, pois qdo nos damos conta... o estrago já está feito. Fica o meu apelo: no que depender de nós, educadores, vamos ser responsáveis o bastante para evitar esse tipo de situação!  (Talita Godoy)
 

BRASIL: OITAVA ECONOMIA DO PLANETA!

Evolução da Educação: Antigamente se ensinava e cobrava tabuada, caligrafia, redação, datilografia... Havia aulas de Educação Física, Moral e Cívica, Práticas Agrícolas, Práticas Industriais e cantava-se o Hino Nacional, hasteando a Bandeira Nacional antes de iniciar as aulas...


ATUALMENTE

Semana passada, comprei um produto que custou R$ 15,80. Dei à balconista R$ 20,00 e peguei na minha carteira 80 centavos, para evitar receber ainda mais moedas. A balconista pegou o dinheiro e ficou olhando para a máquina registradora, aparentemente sem saber o que fazer.

Tentei explicar que ela tinha que me dar 5,00 reais de troco, mas ela não se convenceu e chamou o gerente para ajudá-la.

Ficou com lágrimas nos olhos enquanto o gerente tentava explicar e ela aparentemente continuava sem entender.

Por que estou contando isso?

Porque me dei conta da evolução do ensino de matemática desde 1950, que foi assim:

 

1. Ensino de matemática em 1950:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda.
Qual é o lucro?

 

2. Ensino de matemática em 1970:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda ou R$ 80,00. Qual é o lucro?


3. Ensino de matemática em 1980:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é R$ 80,00.
Qual é o lucro?


4. Ensino de matemática em 1990:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é R$ 80,00.
Escolha a resposta certa, que indica o lucro:

( )R$ 20,00 ( )R$ 40,00 ( )R$ 60,00 ( )R$ 80,00 ( )R$ 100,00


5. Ensino de matemática em 2000:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é R$ 80,00.
O lucro é de R$ 20,00.
Está certo?

( )SIM ( ) NÃO


6. Ensino de matemática em 2009:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é R$ 80,00.
Se você souber ler, coloque um X no R$ 20,00.

( )R$ 20,00 ( )R$ 40,00 ( )R$ 60,00 ( )R$ 80,00 ( )R$ 100,00

 

7. Em 2010 ...:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é R$ 80,00.
Se você souber ler, coloque um X no R$ 20,00.

(Se você é afro descendente, especial, indígena ou de qualquer outra minoria social não precisa responder pois é proibido reprová-los).

( )R$ 20,00 ( )R$ 40,00 ( )R$ 60,00 ( )R$ 80,00 ( )R$ 100,00

E se um moleque resolver pichar a sala de aula e a professora fizer com que ele pinte a sala novamente, os pais ficam enfurecidos pois a professora provocou traumas na criança. Também jamais levante a voz com um aluno, pois isso representa voltar ao passado repressor (Ou pior: O aprendiz de meliante pode estar armado).


Todo mundo está 'pensando' em deixar um planeta melhor para nossos filhos...

Quando é que se 'pensará' em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"

Precisamos começar JÁ! Ou corremos o sério risco de largarmos o mundo para um bando de analfabetos, egocêntricos, alienados e sem a menor noção de vida em sociedade e respeito a qualquer regra que seja!!!

Eu, Talita, concordo plenamente e me comprometo a colaborar no que for possível... disponho meu Blog sempre que causas como esta forem levantadas. Participe você também, como? Divulgando!   


OBS: ESTA MESNAGEM CIRCULOU NA INTERNET EM JUNHO 2011 (AUTOR DESCONHECIDO)




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