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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Minha Homenagem à cidade de São Paulo



PRIMEIRA VEZ NA ZONA!


Agora eu sei: a primeira vez na zona a gente não esquece. A minha foi numa tarde fresca de segunda-feira, durou algumas poucas horas, porém muito intensas. No final, eu estava com o cabelo desalinhado, pois ventava em cada esquina. Entrou alguma areia nos meus olhos, dei alguns passos lacrimejando. E involuntariamente aspirei um pó branco. Era fino, cheiroso e na verdade caiu sobre mim. Pouca coisa, mas o suficiente para polvilhar o meu casaco preto quando caiu, e por ser leve, subiu até minhas narinas. Gostei do cheiro. No caminho, passei por calçadas esburacadas, ruas movimentadas, passei por faróis que demoravam mais de dois minutos. Muito tempo pra mim.

Antes, uma parada estratégica no Mercado Municipal. A colorido das frutas e o seu aroma naquele lugar, me fazem esquecer que estou no centro da cidade, parece um tipo de paraíso! É claro que isso depende do corredor em que você estiver, pois de um lado estão as frutas e outras especiarias, e do outro se concentram as muitas lojas de sanduíches, dentre eles o astro mortadela... ou "mortandela", se preferir... se pedir um de mortandela também será atendido. De todos os jeitos, só dá ele por ali. O lugar é amplo, alto, com vitrais coloridos que atravessados pela luz do sol iluminam o interior do prédio, projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo, em 1924. Lugar incrível.

E a mortadela me faz lembrar de um amor antigo que sempre tive pelo português. Ah, o português da esquina... sofri tanto com ele, mas não vivo sem ele! Foi por isso que tive tanto interesse na exposição “Menas” apresentada até o mês de julho no Museu da Língua Portuguesa. Ela fazia pensar na popularidade que certas palavras ganham a ponto de nos confundir entre o certo e o errado.

Tinha um filme com uma mesma atriz interpretando quatro “Normas”: a culta, a gramatical, a coloquial e mais uma que não me lembro agora. Elas conversavam sobre o modo diferenciado como usamos as regras do português com os colegas de trabalho, com a família, com os amigos de longa data e outros. De fato, a linguagem vareia, ops! varia...

Por isso a mortadela me lembrou o português, e o português me lembrou que comecei texto falando da primeira vez na zona cerealista, no centro velho de São Paulo.

Para quem precisa de produtos naturais, orgânicos ou diet, agora eu sei e posso recomendar, o lugar ideal para se comprar a um preço melhor do que nos mercados de bairro, é ali.

E como disse o Alexandre, meu guia de turismo contratado desta vez, foi uma aventura, mas valeu o esforço! Voltei pra casa naquelas condições ditas no início, mas com bons ingredientes para uma alimentação bastante saudável.

Depois, foi só tomar um banho quente, prender os cachos, e fazer a primeira vitamina com o Malto, que estava com o saco furado mas foi trocado a tempo, logo depois de me polvilhar! Foi divertido, e quando acabar tudo eu volto lá com meu guia, é claro, pois chegar lá é meio barra pesada, mas compensou dessa vez.


Loja visitada: Cerealista Arroz Integral
Endereço: Av. Mercúrio, 216 (Próx. ao Mercadão Municipal e ao antigo prédio da Prefeitura)
Preços médios: Malto Kilo R$6,50 / Graviola Kilo R$7,00 / Barrinhas de Cereal pacote com 15 unidades R$7,50


TG
30/08/2010

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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Ócio criativo - Domenico De Masi



OBS: Ontem esteve no programa Roda Vida, exibido na TV Cultura, o escritor e sociólogo Domenico De Masi, autor do livro "O ócio criativo". Durante a entrevista, o autor debateu com os jornalistas sobre o modelo ade sociedade em que vivemos, subordinado ao consumo e à indústria. Ele é a favor das novas tecnologias e das possibilidades de comunicação atuais, mas alerta sobre "como" fazemos uso de tais recursos tecnológicos. Algum tempo atrás, xeretando numa biblioteca, achei o tema interessante e peguei o livro emprestado para ler. Fiquei impressionada com o modelo de vida que o pesquisador coloca, propondo que a sociedade trabalhe menos, ocupe mais o seu tempo com o intelecto e desfrute da sua imensa criatividade. Segue um artigo, escrito por mim, em junho de 2010, que revisa a evolução do trabalho, da manufatura ao uso da tecnologia, e termina com o que  ainda considero uma excelente ideia, pois sou mais feliz enquanto estou em pleno processo de criação! 


HISTÓRIA REGISTRA 
A EVOLUÇÃO DO MANUAFATURADO AO TRABALHO VIRTUAL

Nos livros de Teoria da Administração encontram-se referências a Taylor, Ford, Weber, termos como burocracia, hierarquia, estrutura, engenharia de empresas. Mas, antes de tudo isso, observações interessantes se fazem desde a Idade Média, como aquelas citadas por De Masi (2000) no livro Ócio Criativo em que um capítulo é dedicado a relembrar como era o trabalho naquela época: as oficinas existiam no mesmo local em que as famílias moravam, os trabalhadores eram os membros daquela família e as crianças cresciam a medida em que aprendiam o ofício, o que perpetuava o negócio familiar e o seu aprimoramento.

A criatividade se consolidava no trabalho artesanal, em cada oficina era projetado, produzido e vendido o objeto. Como o mercado era pequeno, a prática de troca também era comum, o que facilitava as relações comerciais e não causava necessidades econômicas de ampla escala, focando-se na necessidade local. No mesmo espaço físico o líder da casa era também o líder da empresa, ali todos cumpriam com suas obrigações familiares, pessoais e de trabalho. E assim a história continuou até que os primeiros avanços tecnológicos permitiram o surgimento da era industrial.

Com a era industrial também surgiu a sociedade industrial. Na fábrica o ambiente não era mais familiar, havia o deslocamento físico, criou-se etapas para a produção em massa, não havia mais a necessidade de se pensar num objeto com um ciclo de produtividade completo, cada seçâo desenvolvia uma parte específica da produção, e assim sucessivamente, com o uso de máquinas que repetiam inúmeras vezes o mesmo movimento, numa cadeia de montagem.

Na sociedade daquela época ficou estabelecida a separação entre atividades do trabalho e do lar. A primeira, considerada a mais importante, ficou a cargo dos homens, e a segunda, menos importante, a cargo das mulheres. Tudo fica mais racional, a tecnologia continua se desenvolvendo e criando novas necessidades, como por exemplo, de se criar meios para vender tantos objetos iguais. Vem as chamadas lojas de departamentos, os supermercados, as tabelas de preços fixos,

De Masi (2000) continua sua narrativa dos fatos até chegar ao teletrabalho como uma tarefa capaz de extrair o melhor entre o artesanato e a indústria, ressaltando que antigamente a produção era em unidades distintas, cada família produzia algo completo e atualmente a produção se dá em unidades dependentes umas das outras, e basicamente o que será trocado agora será informação, comunicação, matérias-primas não-materiais ligadas por vias telemáticas.

Este é o que De Masi (2000) chama de terceiro tipo de trabalho (após o artesanato e a indústria): o trabalho flexível, criativo, que deixa a parte motora para as máquinas e reserva ao homem a parte intelectual, de execução.

A evolução tecnológica é o fator que mais expandiu a era da informação e cada vez mais surgem meios de se manter contato com pessoas distantes no tempo e no espaço, o que propõe uma nova forma de comunicação, que não depende de presença física para acontecer. A interação agora se dá por computadores, correio eletrônico e ainda por fax, telefone e outros instrumentos que eliminam distância, ganham tempo e implicam diretamente nas questões econômicas.

A nova geração, que nasceu depois do advento da televisão - e principalmente da Internet - acha normal que a comunicação se dê por meios tecnológicos e que a presença física seja dispensável já que o que realmente precisa ser exportada é a ideia, a criatividade, o projeto, e não as pessoas.

Quando indagado sobre a semelhança ou possível comparação entre a tecnologia de hoje com o ritmo da produção industrial, De Masi afirma que: “velocidade significa capacidade de conquistar terreno em relação aos outros na corrida da vida” (DE MASI, 2000, p.187). Ela existiu daquela forma na era industrial e existe agora em novo formato na era pós-industrial, com a finalidade de imaginar o futuro, criá-lo e impô-lo aos outros.

Passou-se da sociedade rural para a industrial e da industrial para a pós-industrial, que favorece e privilegia a mente criativa, intelectual, mas exige um corpo quieto numa mente agitada, o que De Masi (2000) chama de ócio criativo. Enquanto as máquinas trabalham em um ritmo acelerado, o homem aproveita seu tempo de forma mais criativa, podendo inventar, elaborar, projetar e sair na frente dos outros para patentear suas idéias e adquirir direito aos royalites. Esta é a nova corrida para o futuro e o teletrabalho contribuirá muito para isso.



REFERENCIA BILIOGRÁFICA:

DE MASI, Domenico. O Ócio criativo. Rio de Janeiro: Sextante, 2000.

Talita Godoy 
27/06/2010



LEIA TAMBÉM O ARTIGO ANTERIOR (publicado originalmente em 2010):

http://talitacomunica.blogspot.com.br/2013/01/capital-humano-e-seu-valor-nas.html

SOBRE O VALOR DO CAPITAL HUMANO NAS ORGANIZAÇÕES.


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Capital Humano e seu valor nas organizações


Administração participativa reconhece
valor do capital humano


    O valor intelectual para uma empresa está no colaborador. Por meio da comunicação organizacional se dá a potencialização deste valor. Neste ponto surge como tendência a administração participativa.



     O modelo participativo utiliza como principal ferramenta de gestão os processos comunicativos. O empresário Ricardo Semler (2006) insiste neste modelo por tratar o colaborador com o máximo de atenção possível, pois nele está o maior capital da empresa, o valor intelectual de cada um. Ele defende a idéia de que conhecer o colaborador o permite perceber suas reais habilidades e que há um lugar estratégico para ele na empresa.

Este encontro promove o homem certo no lugar certo e, se estiver satisfeito, o colaborador tem totais possibilidades de desempenhar sua função da melhor forma possível. Ele acredita que a satisfação do colaborador diminui a rotatividade de funcionários, aumenta a credibilidade da empresa, gera maior envolvimento do colaborador com o seu trabalho e com os resultados da organização, entre outros benefícios.

Semler (2006) herdou uma empresa familiar e soube como romper com a velha maneira de administrar, repleta de padrões, convenções, normas e tradições. Para ele o modo antigo em nada contribui, já está obsoleto, ultrapassado, e em termos gerais, o mundo hoje está pior do que era há 50 anos.

Ele propõe um combate à educação conformista, a enganação grotesca, ao modismo nas organizações que surgem de tempos em tempos. O empresário  aponta:

"Uma meia-vida do uso dessa ferramenta tríplice (o uso de 3 por quês) tem me mostrado que a primeira resposta todo mundo tem. A nossa educação conformista e conformadora dá conta disso. Aprendemos a perguntar apenas quando é a hora certa, e sentarmos por horas ouvindo bobagens e decorando-as, a sermos treinados e uniformizados ad nauseum, a desejarmos o que a sociedade nos ensina que devemos desejar. Como resultado, vamos consolidando nossas respostas e visões, a ponto de ficarmos calcificados nas nossas afirmações, no que Goethe tratava como weltanschauung – jeito de enxergar o mundo. (...) São esses mecanismos antropológicos de conservação que impedem a mudança acelerada da sociedade" (SEMLER, 2006, p.13). 

Em sua crítica ao “jeito velho de fazer as coisas”, Semler (2006) coloca que isso é bom para pessoas que lidam mal com excesso de novidades:

"A velocidade de assimilação não se compara com o do avanço da tecnologia. E esse descompasso gera o mal estar – lembra um ditado árabe que diz que a alma viaja a camelo. Ou seja, não adianta correr com a tecnologia, os humanos demoram para acompanhar" (SEMLER, 2006, p. 14).

Com esta análise, o que Semler (2006) propõe é parar com embromação e ir direto ao ponto: tratar o colaborador como um indivíduo digno de respeito, consideração e se quiser ter o colaborador como um forte aliado, fiel, engajado, ele tem que ser tratado em primeiro lugar como ser humano capaz de tudo isso.

Uma das idéias foi criar o redondograma, algo que expressa bem a prática administrativa ao estilo Semler:

"A idéia era simples. Se a pirâmide lembrava uma auto pista de oito faixas que se afunilava para quatro, depois duas e uma só, era fácil imaginar a competição e falta de humanidade de um desenho desses. E qual, afinal o mecanismo de poder numa organização? Há o poder artificial, o da caixinha num organograma, das estrelas no ombro, do decreto-lei, que só funciona se o sistema de penalidades for forte. O outro formato do poder é o respeito natural. Esse é simples, quando está em vigor funciona com eficiência. Mas quem é respeitado por uma questão técnica, ou moral, por exemplo, não o é, necessariamente como líder..." (SEMLER, 2006, p.114).

Segundo ditado popular que bem se aplica no meio empresarial, o poder está fundamentado na informação:

“Poderoso é o que tem e retém a informação que os outros não têm". É neste sentido que a comunicação destaca-se como uma poderosa vantagem competitiva. Simplificar os processos, tornar a administração mais horizontal, com poucos níveis hierárquicos, contribui para facilitar os meios de comunicação, informação e conhecimento.

Semler (2006) alcançou o “quase impossível” com o seu sistema pessoal de comunicação - “Simples, é verdade, mas quase impossível, se consultados os experts em administração”.

Desta forma Semler (2006) tornou sua empresa vencedora. Ao considerar seus colaboradores como um capital intelectual vislumbrou a necessidade de simplificar e melhorar a comunicação interna e assim destacou as habilidades internas.

"Empresas vencedoras são aquelas que alcançam a superioridade nas habilidades internas, e não apenas nas competências centrais. (..) Embora cada departamento possa ter competências centrais específicas, o desafio é desenvolver uma capacidade competitiva superior no gerenciamento dos processos-chave da empresa. Staek chama isso de concorrência baseada em capacidades" (KOTLER 2006 p. 52).

No exemplo da Semco, Semler (2006) demonstra a filosofia da organização:

"O que queremos afinal, não é simplesmente ter uma empresa democrática. De pouco nos adiantaria uma democracia do trabalho, resultando no fracasso financeiro. Mas também um sucesso econômico que usasse a mão de obra como simples instrumento que enriquecesse apenas os acionistas também não nos parecia competitivo e sustentável. Não coloco aqui questões morais, dizendo que a falta de democracia não seria justa ou ética. Estou afirmando que é também melhor negócio e melhor fonte de gratificação" (SEMLER, 2006, p.115 ).

Esta idéia é defendida como um valor, como uma arquitetura para o futuro que fornece ferramentas de gestão mais inteligentes e condizentes – e condizentes com os aprendizados sociais da humanidade (SEMLER, 2006 p.115).  E até os executivos mais “durões” do planeta param para pensar no assunto, apesar da total descrença em seus métodos revolucionários.

O empresário Ricardo Semler é observado aqui de maneira detalhada por ser um dos poucos que realmente mostram a situação como ela é. Ele afirma como é o comportamento dos funcionários que desistem de tentar falar, pois percebem que não serão ouvidos e limitam-se a cumprir a função para a qual foram contratados.

E comenta: "(...) que vida mais medíocre, e que desperdício de potencial! (SEMLER, 2006, p.160).

Nassar (et al, 2005, p. 120) coloca bem sua posição sobre o colaborador saber para onde vai e propõe a Ação Estratégica, desenvolvida por Jurgen Habermas como a Teoria da Ação Comunicativa. Se os interesses da organização vêm de cima para baixo tendo o colaborador como agende passivo na comunicação, o que recebe e cumpre, ele depende de clareza para a sua compreensão.

Mas quando os princípios não são bem entendidos, as respostas apresentadas não correspondem às esperadas em conseqüência disso; o mesmo acontece em qualquer esfera da vida, seja ela familiar, social, não apenas na profissional.

A linguagem orientada ao entendimento atua para coordenar a ação. O autor ressalta a importância de se ter o colaborador como “protagonista no processo de comunicação”:

“...estabelecer uma ação gerencial dialógica onde o entendimento, o comprometimento e os conseqüentes resultados podem ser surpreendentes” (Nassar et al, 2005, p. 121).

Nassar (2005) cita dois tipos de gerência quanto à comunicação: Gerência Monológica – Trabalhador em massa (Fordismo) e Gerência Dialógica – Flexibilização organizacional (Pós-Fordismo), este segundo considerando o trabalhador como um ator não coadjuvante.

Trazendo o colaborador para o papel principal da comunicação interna o ganho será alto. Ele tem que fazer parte dessa estratégia. Ser espontâneo e participar do processo de comunicação nos negócios tem uma expressiva parcela de influência sobre o cliente externo.

Albert Mehrabian, um professor da UCLA, realizou uma série de estudos famosos no começo dos anos 70 sobre a importância relativa dos diferentes tipos de comunicação na transmissão do significado. O que ele constatou foi surpreendente: só 7% do significado das comunicações derivavam das palavras em si. Os outros 93% se deviam a pistas não verbais – 38% do significado provinham da forma como dizemos as coisas (tonalidade) e 55% do significado, da fisiologia da comunicação, da linguagem corporal (FUGERE et al, 2008 p. 166).

Sendo assim, não importa tanto o script verbal e nem as palavras ou comportamentos minuciosamente programados para acontecer, se aquilo tudo apagar a personalidade do colaborador: os 7% dos manuais terão eficácia perante os 93% que dependem inteiramente do capital intelectual de maior valor para a empresa - o colaborador.


QUESTÃO ÉTICA

E não apenas o conhecimento é um valor intelectual, mas o comportamento em si, quando se usa a ética na vida e nos negócios: Uma boa atuação ética é simultaneamente uma boa atuação profissional.

"A ética revela nos homens algo de mais valor que a simples atuação. A ética empresarial é uma exigência da pessoa, qualquer que seja seu trabalho (...). 
Em muitas empresas, imersas na competitividade e sem tempo para nada, os trabalhadores são apenas 'recursos humanos'. (...) A ética limita oportunidades de negócios? A busca da rentabilidade não se opõe necessariamente À ética, pois existem qualidades graças as quais se trabalha mais e melhor; e porque existem outras dimensões da vida que pressupõe limites à rentabilidade. Por exemplo: 'As normas são boas para todos, mesmo que num momento particular não me favoreçam', ou seja, a resposta a essa pergunta poderia ser: 'não é só isso e não é sempre assim'" (CLAVO, 2008 p.122).

Cabe ao gestor de comunicação transmitir - e até mesmo traduzir, se necessário - os valores éticos da organização lembrando que o comportamento da organização se reflete num grupo maior de pessoas, todos aqueles que são direta ou indiretamente ligados a ela.

Ter respeito significa reconhecer que os indivíduos sustentam relações fora da empresa, possuem autonomia, privacidade, dignidade, direitos e necessidades.

Por outro lado, os executivos devem respeitar a propriedade intelectual e privada, tendo cuidado especial quando a atividade comercial envolve a propriedade alheia (pública ou da natureza).

Em suma, o comportamento baseado nesses valores beneficia toda a sociedade, a empresa e a economia na qual a empresa se insere (CLAVO, 2008 p. 127).



VISÃO HOLÍSTICA

Sendo a comunicação integrada ponto fundamental no processo de administração de empresas, seria um ato falho desconsiderar o colaborador como ser antropológico, ser pensante, composto por alma, emoções, sentimentos, ser humano, pois é exatamente para ele que se destina a comunicação integrada.

Não apenas saber o que acontece em sua área de atuação é importante ao colaborador, mas ter uma visão holística da empresa, também para que ele compreenda, participe, se posicione, passe a perceber que há uma função na sua atividade. As pessoas simplesmente não entendem a razão de fazerem o que fazem. É por isso que o problema maior de qualquer empresa é sempre comunicação.

“'Ei, João, por que você acha que temos o direito de existir como empresa? Você entende em que contribui para isso?' João, normalmente, não tem a menor idéia da resposta. Nem entende as perguntas. João não sabe por que tem direito a um salário. A maioria das empresas esta cheia de Jooes. Pode apostar que, na enorme maioria delas, as pessoas não tem noção da idéia básica que garante a existência dos seus empregos" (NÓBREGA, 2001 p. 73).

Por meio de todo o material de comunicação interna o colaborador se capacita para criar e manter um bom relacionamento interno e com o cliente externo. A administração pode enxergar o colaborador assim, como um ser por completo, cheio de necessidades, aspirações, interesses e dúvidas e mais do que isso, um ser altamente capaz de realizações incríveis.

A informação é uma ferramenta que preenche muita dessas lacunas e, quando possível, dar ao colaborador o acesso à informação é uma maneira de demonstrar o respeito necessário e de facilitar a excussão de processos.

Trabalhar é um ato social exercido desde a portaria da empresa até a sala presidencial e numa mesma empresa estão todos envolvidos num só processo.






BIBLIOGRAFIA


CLAVO, Luiz Claveto. Aristóteles para executivos – como a filosofia ajuda na gestão empresarial. São Paulo: Globo, 2008.

KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.

NASSAR, Paulo. O que é comunicação empresarial. São Paulo: Brasiliense, 2006.

NÓBREGA, Clemente. Supermentes: do big bang à era digital. São Paulo: Negócio Editora, 2001. 

SEMLER, Ricardo. Você deve estar louco! Uma vida administrada de outra forma. Rio de Janeiro: Rocco, 2006.






POR: TALITA GODOY - 28/11/2010


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Museu do Futebol (relembrando)


Museu do Futebol: uma volta incompleta pelo túnel do tempo


Parece museu, mas é estádio. Em outro momento parece estádio, mas é museu. Gostando ou não de futebol fica impossível conter a emoção provocada pelas telas de vídeo e do som, tão alto e tão vibrante, que se tem a nítida impressão de que o chão treme junto com a galera naquele espaço úmido, escuro, com cheiro forte de cimento... que assusta até o visitante entender que naquele instante o local deixa de ser o museu do futebol para ser a arquibancada do estádio. Esta é uma das salas, talvez a que reserve a maior surpresa do dia. No país do futebol, fazer essa volta no túnel do tempo num local inusitado reserva outras alegrias, como não poderia deixar de ser.


Por iniciativa do Governo do Estado de São Paulo e da Fundação Roberto Marinho, surgiu num lugar inesperado o Museu do Futebol, logo abaixo dos imensos degraus da arquibancada, por onde passam os torcedores dos mais variados times no Estádio do Pacaembu. É como se o futebol tivesse deixado cair uma semente em terra boa e enraizado, ali mesmo no estádio, uma ramificação permanente. A impressão que dá é que ainda tem tanta coisa para se ver e ouvir sobre o futebol que o museu dará a volta por todo o prédio. Mas ainda não, por em quanto ele é concentrado somente abaixo da arquibancada amarela.

Em cada sala, uma surpresa. A exposição se dedica a contar a história das copas, relembra gols, melhores lances, tem a participação de ilustres narradores que acompanharam partidas memoráveis e com sua emoção encantam os visitantes de todas as faixas etárias, brasileiros ou estrangeiros, que passam por uma grata experiência com o futebol, a nossa maior paixão nacional.

São 29 salas, distribuídas em 3 pisos, com uma visão panorâmica do estádio, lanchonete, loja de souvenires, auditório, e muita história pra contar. Na sala 11, origens, a voz do ator Milton Gonçalves narra passagens da história política e social no Brasil e em algumas partes do mundo, como na Inglaterra, de onde Charles Miller trouxe o futebol. As histórias do esporte e da nação se confundem, tamanha força com que o esporte chegou aqui, no começo do século XIX.

Mas a exposição não é apenas para se ver, nela se pode tocar, escolher, sentir, e algumas vezes com tanta intensidade que um dos visitantes soltou um sonoro “goooool” junto com o narrador na sala em que várias cabines permitem a seleção de personalidades que contam qual foi o “gol da sua vida”. São vídeos com os melhores momentos de todos os tempos, que embarcam o visitante numa viagem pelo tempo e pelo espaço, fazendo-o se sentir imerso no mundo do futebol.

Outro fato curioso é a quantidade de visitantes de cabelos brancos, num desses grupos havia uma senhora acompanhada do seu neto, os dois sabiam muto de futebol e um contava alguma coisa para o outro, unindo duas gerações em torno de uma única paixão pelo futebol. Não resisti a curiosidade e perguntei a uma delas se ela se interessava por futebol, na verdade eu queria saber porque ela estava ali, e prontamente ela me explicou que veio de uma família que ama futebol, eles assistiam jogos de segunda a domingo! O sorriso e a satisfação da sua resposta não deixaram dúvidas: eram outros tempos.

Numa das salas em que há um imenso e único telão em preto e branco com os momentos finais da copa de 50 em que o Brasil perdeu em pleno Maracanã, o silêncio da torcida se contrasta com o som intenso de um coração pulsando, parece marcar o ritmo no peito de quem estiver na pequena e escura sala. Ouvi uma senhora dizer: olha só que coisa, eles iam de terno para o estádio... outros tempos”. Isso me fez pensar se era porque futebol era coisa de elite ou porque o público realmente reverenciava o futebol como um grande evento? Fato é que hoje em dia não se pode ir num estádio sem a preocupação imediata com a própria segurança. As torcidas organizadas estragam o show que se vê em campo com os jogadores que ainda estão na ativa.

Alguns deles aparecem homenageados na sala dos “anjos” , heróis do campo que inventaram dribles, passes, jogadas incríveis que jamais serão esquecidas. Entre os mais jovens estão Ronaldo Gaúcho, Ronaldinho, Romário, Taffarel, Roberto Carlos, Zico, Sócrates, assim como os jogadores de gerações anteriores: Garrincha, Pelé, Vavá, Tostão, Zagalo e muitos outros. Ninguém foi esquecido.

A sala Heróis é para homenagear quem fez a história da nossa arte e cultura: Carlos Drummond de Andrade, Tarsila do Amaral, Monteiro Lobato, Ary Barroso, Leônidas da Silva. O texto maravilhoso emociona com imagens no grande telão que faz o visitante refletir sobre questões com outro ponto de vista, como “quem realmente descobriu o Brasil”? “Quem descobriu o novo Brasil”? “Quem inventou o Brasil”? “Quem uniu o Brasil”? A esta última pergunta revelo que a resposta foi o rádio, aparelho de última tecnologia responsável por espalhar por todo o nosso país a euforia do futebol. Até hoje somos unidos por essa arte, por essa emoção, por essa parte da nossa história e cultura, que vai desde o campinho de várzea até os mais imponentes estádios do mundo.

Falando nisso, não se vê no museu nada sobre essa parte da nossa cultura, os campos de várzea, as escolinhas de futebol, as categorias de base, os times de segunda divisão ou mesmo os times de fora do eixo Rio - São Paulo. Embora o museu seja impressionante, rico na parte que une cultura e história, ele é mais multimídia do que exposição de museu propriamente dito. Faltam peças originais como uniformes e troféus. O acervo é mais voltado para áudio e imagens de rádio e TV, o que é ótimo para informar e entreter, mas o visitante quer mais, quer, se possível o suor da camisa dos jogadores!

A infra-estrutura do lugar é muito boa, com acesso por elevadores, textos escritos em braile, chão com marcação, e uma curiosidade: mesmo quem pode enxergar toda a exposição pode também tocar no rosto de Pelé e Garrincha numa réplica de gesso que fica numa altura bem apropriada também para cadeirantes. Para os visitantes estrangeiros são muitos textos escritos e narrados em português, não há um sistema de tradução. Uma outra falha que merece atenção, já que no dia da visita da nossa equipe ao museu testemunhamos a presença de visitantes estrangeiros em grande número, que poderiam ter aproveitado muito mais o passeio se tivessem acesso às mesmas informações que os anfitriões.

Vale a pena a visita o quanto antes, o lugar é inusitado, bem estruturado, seguro, provoca sentimentos diversos como uma grande dose de emoção, lembranças e novidades. Um programa para toda a família e todas as idades.

O Museu do Futebol fica na Praça Charles Miller, s/n, no Estádio do Pacaembu. A entrada custa R$6,00 inteira e R$3,00 meia. O horário é das 9:00 às 17:00, de terça à sábado, exceto em dias de jogo.




Talita Godoy
Abril / 2010

PINACOTECA


ARTE E BELEZA EM EXPOSIÇÃO NA PINACOTECA

Desde a primeira vez que ouvi o nome Pinacoteca achei estranho, engraçado. E sempre tive vontade de conhecer este lugar que, vendo pela televisão parecia muito interessante. A impressão que tive quando finalmente cheguei ali, foi ainda melhor do que na minha imaginação.

A arquitetura é maravilhosa, une o antigo e o moderno num espaço imenso, com três andares inteiros dedicados à arte nacional e internacional. Por si só o prédio já é uma grande obra de arte, elaborada pelo arquiteto Ramos de Azevedo, fundada em 1950 pelo governo do Estado de São Paulo. No início o prédio abrigava o Liceu de Artes e Ofícios, reformado e modernizado em 1990.

Logo na entrada do prédio, a primeira obra que o visitante encontra é composta por copos de vidro fundidos em formatos inusitados, dispostos em uma forma geométrica que recebe uma coloração alternada, parecia hipnotizar!

No alto, grandes janelas no meio de paredes altas, de tijolo à vista como todo o prédio, o que nos faz lembrar o tempo todo que estamos num edifício do outro século. Aliás, outros também o são, mas nenhum com tanto charme e cultura como aquele.

Perguntei à Educadora Cultural Rosangela, que trabalha ali, como é feita a preservação do prédio. Ela me disse que não há nada de muito especial além da manutenção permanente. E por incrível que pareça, o fato de terem os tijolos à mostra, parece que faz os visitantes respeitarem a antiguidade e eles, os funcionários, não costumam ter problemas com relação a isso. Por outro lado, quando chegam visitantes adolescentes, de escolas públicas ou particulares, é um Deus os acuda.

A impressão que Rosangela tem é de que o passeio é obrigatório e eles demonstram muito desinteresse, alguns até fazem o que não devem - como tocar em algumas obras de maneira brusca, correr pelos corredores, e outras atitudes que visam mostrar sinais da rebeldia gratuita, tão característica da sua idade. Fora isso os demais visitantes são tranqüilos, admiradores e pessoas que colaboram com o uso do bom senso.

Outra curiosidade que ela me contou em nossa breve conversa, foi que entre os estudantes que visitam a Pinacoteca individualmente a maioria é formada por estudantes de fotografia. Eles demonstram muito interesse pela exposição visual, suas luzes e cores, e ela gosta de encontrar pessoas assim pelas salas que cuida. Que bom, fico feliz pela Rosangela!

Artistas como Anita Muffatti, Victor Brecheret, Almeida Junior, Eliseu Visconti, Antonio Parreiras e Tarsila do Amaral compõem o rol da exposição permanente. Nomes que alguns conhecem, outros não, mas que fizeram a história nas artes visuais do Brasil.

Além do acervo permanente o local exibe exposições temporárias de artistas de grande importância, como Cândido Portinari. O espaço abriga também a Biblioteca Walter Wey e o Centro de Documentação e Memória.

Um dos diferenciais da Pinacoteca é a liberdade que o visitante encontra em poder carregar consigo o atual objeto de maior estima dentro de uma exposição: sua câmera fotográfica. Desde que o visitante não use o flash, é possível fotografar e até filmar as obras. Uma das salas é chamada de “tátil”, pois nela é permitido tocar nas obras, o que beneficia visitantes que não enxergam. Para eles nesta sala há indicações em braile além de acesso com piso marcado especialmente para sua locomoção. O prédio conta com rampas de acesso aos cadeirantes e elevador amplo.

Notei um número razoável de visitantes estrangeiros, mas não foi encontrado nenhum folheto com dizeres em outras línguas. As obras expostas têm apenas o mínimo de informação para sua identificação, sempre em Português.

Parece que no Brasil ainda não temos a cultura de prestigiar os visitantes de fora do país, o que é lamentável, pois em breve estaremos sediando eventos internacionais de grande porte. Seria bom começarmos a desenvolver este acesso à informação em duas ou três línguas, como já se faz nos países onde o turismo é uma grande fonte de renda. Sem falar na cortesia.

Mas voltando a falar em arte, algumas esculturas impressionam por seu tamanho e riqueza nos detalhes que podem ser vistos muito de perto. Além das telas e esculturas, encontram-se ali obras de arte contemporânea, moderna, bustos, auto-retratos, objetos dos mais variados, muita nudez, muito colorido, paisagens de todos os tamanhos e formas. Numa das salas é possível apreciar a arte chamada de Pré-Hispânica, com objetos esculpidos em ouro e vídeos explicativos sobre povos indígenas da antiguidade em terras vizinhas.

A Pinacoteca fica em frente ao Museu da Língua Portuguesa, para quem não se importa em caminhar muito, vale a pena programar uma tarde inteira para fazer os dois passeios.

Outra boa notícia é que de sábado o ingresso é grátis!


Veja as informações necessárias para programar sua visita:

Local: Largo General Osório, 66 (Ao lado do Parque da Luz e das Estações de Metrô e Trem da Luz). Ou: Pra,Ca da Luz, 02.
Horário: de Terça a Domingo, das 10h às 18h. Você pode entrar até às 17h30.
Ingressos: R$6,00 e R$3,00 (estudantes) – Sábado: grátis. O ingresso também é gratuito para crianças até 10 anos e maiores de 60 anos.
Para escolas, o agendamento da visita educativa é feito por e-mail:

agendamento.pina@gmail.com ou por telefone: (11) 33240943 ou (11) 33240944



O site é  www.pinacoteca.org.br

Texto: Talita Godoy

Foto: Ricardo Ávila
06/06/2010



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