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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Revista Realidade / Considerações Finais da Dissertação por Talita Godoy


Este post é a parte final da dissertação "Revista Realidade - Representações da sociedade na mídia impressa brasileira em 1966/1967 - tempos de transformações políticas e socioculturais"



4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

            O estudo aqui apresentado partiu de duas vertentes: a primeira delas analisando o produto revista, em sua forma de se comunicar com o publico leitor (viés jornalístico) e a segunda analisando o público leitor em relação à sua receptividade (viés social).
       Como características principais do produto, foi possível concluir que a revista Realidade abordava temas polêmicos, desvendava tabus, utilizava-se de uma linguagem própria e diferenciada no trato de assuntos de interesse dos leitores. Estes, por vivenciarem um período de mudanças em termos tecnológicos e comportamentais, interessavam-se por temas como política, religião, comportamento, a liberação sexual, os debates sobre questões como desquite, aborto, preconceito racial e tantos outros que permeavam a sua época.  
          Uma das diferenças entre a forma de abordar os mesmos assuntos de outras revistas era procurar o periférico dos temas obrigatórios. Enquanto a imprensa em geral noticiava um fato, Realidade buscava outros pontos de vista, como no caso citado dos artistas em que o foco de uma entrevista ia além do trivial, entrando em campos mais específicos.
Outro ponto relevante era a escolha dos locais, buscando personagens desconhecidos em lugares distantes das grandes capitais como São Paulo e Rio de Janeiro, abarcando, assim, cidades do interior, indo de Norte a Sul do país. O fato de não ter um tempo determinado para a produção das reportagens dava maior liberdade para que o repórter pesquisasse e observasse os fatos até encontrar o que precisava para criar um texto diferenciado. A especialização dos seus repórteres vinha dessa liberdade criativa e da dedicação individual com que cada um se empenhava na missão de produzir algo inédito. O texto somava-se à qualidade das fotografias integradas um com o outro, formando uma unidade que também se caracteriza como um dos pontos fortes da revista.
Alguns dos temas eram tão atuais ou revolucionários, que até para os dias de hoje são pauta nos principais meios de comunicação, como os problemas de ordem nacional, por exemplo. Já as questões de ordem sociocultural, causaram muita polêmica, comentadas nas cartas dos leitores ou mesmo nas apreensões e ameaças pelas quais a revista passou. Alguns desses temas hoje contam com um comportamento social oposto daquela época, e provavelmente a mudança teve influência de veículos de informação como a revista Realidade, que colocava em pauta os assuntos para provocar reflexão no seu público leitor. 
Fatos que nos levam a concluir o quanto a revista Realidade - por meio do trabalho dos seus editores, fotógrafos e repórteres - levou de contribuição jornalística à sociedade brasileira no final dos anos 1960, propondo discussões e reflexões em torno de questões polêmicas, preconceitos e tabus, apresentando seu ponto de vista sobre determinado assunto.
Por ter rompido alguns paradigmas, especialmente na forma de produzir e editar seus textos, no espaço aberto aos leitores e na forma como se comunicava com ele por seus editoriais, muitas vezes justificando alguma ordem política, nos passam a impressão de uma sociedade em movimento, receptiva a um veículo de imprensa inovador, audacioso no tocante aos assuntos específicos e pertinentes à sua época. Provavelmente até esgotados, de tão mencionados.
E como visto, embora fosse um sucesso grandioso em todo país, não agradou a todos, especialmente a uma ala da sociedade mais conservadora, ou de influência institucional, seja religiosa, familiar ou mesmo política, mas, em geral, o número crescente de vendas legitimava o seu discurso e a fez continuar até que os motivos de força política a fizessem se descaracterizar, deixando de ser o que era originalmente, perdendo seu time de repórteres, e finalmente encerrando sua primeira fase, no qual se baseou esse estudo.
Por fim, concluímos que a revista Realidade influenciou uma geração na sua prática sociocultural e continua a inspirar estudos que não se esgotam por ser um material rico em elementos que sempre despertam a atenção daqueles que procuram compreender mais sobre comunicação social.

Esperamos que este estudo tenha atendido ao apelo dos ex repórteres da revista, José Carlos Marão e José Hamilton Ribeiro, que comentaram sobre a falta de pesquisas sobre a sua importância como influência nas mudanças culturais ocorridas naquele período. Neles, e demais repórteres da revista Realidade, foi inspirado esse estudo, pois o que somos hoje veio das referências do passado. A atitude, a escolha e a ousadia daqueles repórteres produziram algo que definitivamente abriu passagem para um novo tempo. 

Revista Realidade / Bibliografia Dissertação Talita Godoy



Título da Dissertação: 


Revista Realidade:
Representações da sociedade na mídia impressa brasileira em 1966/1967 - tempos de transformações políticas e socioculturais


REFERÊNCIAS

ALTMAN, Fabio. A revista Censurada: A apreensão da Realidade de janeiro de 1967 – surpreendente porque o AI-5 ainda não vigorava. Disponível em <  http://veja.abril.com.br/especiais/mulher/revista-censurada-p-012.html > Acesso em 13/06/2012.

BRAGA, José Luiz. A sociedade enfrenta sua mídia: dispositivos sociais de crítica midiática. São Paulo: Paulus, 2006.

BRANDÃO, Helena Nagamine. Enunciação e construção do sentido. IN: FIGARO, Roseli (org.). Comunicação e Análise do Discurso. São Paulo: Contexto, 2012. 

BUITONI, Dulcília Helena Schroeder. Mulher de Papel: a representação da mulher na imprensa feminina brasileira. São Paulo: Summus, 2009.  

CIVITA, Roberto. Uma revista contra os tabus. Disponível em <HTTP://bravoonline.abril.com.br/conteudo/literatura/revista-tabus-621762.shtml> Acesso em 05/06/2011.

FARO, José Salvador. Revista Realidade, 1966-1968: tempo da reportagem na imprensa brasileira. Canoas: Ed. Da ULBRA / AGE, 1999.

FERREIRA, Maria Helena. Técnicas de Reportagem: notas sobre a narrativa jornalística. Rio de Janeiro: Summus Editorial, 1986.

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___________. A ordem do discurso. 20 ed. São Paulo: Edições Loyola, 2010.

___________. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. 21 ed. São Paulo: Editora Vozes, 1999.

LAGE, Nilson. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. 5 ed. Rio de Janeiro, Record, 2005.

LIMA, Eduardo Pereira. ­­­­­­­Páginas ampliadas: o livro-reportagem como extensão do jornalismo e da literatura. São Paulo: Ed. Malone, 2009.

MAIA, Monica. Realidade – a que a censura destruiu. Revista de Comunicação. São Paulo, 18 de out. 1989. Disponível em < http://www.revcom.com.br/rc/rc0.asp > Acesso em 06/01/2011.

MARTÍN-BARBERO, Jesús. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia. Rio de Janeiro: UFRJ, 2001.

_______________, América Latina e os anos recentes: o estudo da recepção em comunicação social. IN: SOUSA, Mauro Wilton de (org.). Sujeito, o lado oculto do receptor. São Paulo: Brasiliense, 1995. Pág. 39 – 68.

MEDINA, Cremilda. Notícia: um produto à vendaSão Paulo: Editora Summus, 1988.

MELO, José Marques de. Teoria do Jornalismo: identidades brasileiras. São Paulo, 2006, Paulus.

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MORAES, Letícia Nunes. Cartas ao Editor: Leituras da Revista Realidade (1966-1968). São Paulo: Palameda, 2007.

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SANTAELLA, Lúcia. Cultura Midiática. In: Mídia, cultura, Comunicação. Organizadores: BALOGH, Anna Maria; ADAMI, Antonio, ET AL. São Paulo: Arte & Ciência, 2002.

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VICCHIATI, Carlos Alberto. Jornalismo: comunicação, literatura e compromisso social. São Paulo: Paulus, 2005.

VILLAS BOAS, Sérgio. O estilo magazine – o texto em revista. Rio de Janeiro: Editora Summus, 1996.


WOLF, Tom. Radical chique e o novo jornalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. 

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Por onde andei?


Olá!

Que boa pergunta fiz amim mesma quando abri a página deste blog outro dia e reparei que há muito tempo não postava nada novo ou original. Por onde andei durante o ano de 2017? Mesmo em 2016, onde foram parar minhas novas produções???

Bem, se serve de explicação, desde 2015 dei uma parada em tudo. Saí do emprego, deixei o apê na região da Barra Funda, fui me aventurar um pouco em outras culturas e buscar cores novas para renovar a vida.

Nesse meio tempo passei duas temporadas de seis meses no exterior, melhorei um pouco o meu Inglês, me aventurei também no Espanhol, e voltei mesmo disposta a me fixar em um lugar diferente fora de São Paulo, essa gigantesca metrópole que tanto me atrai. Fui conhecer Minas Gerais, gostei, fiquei por lá, embora eu ainda esteja em um lento processo de mudança. 

Continuo aprendendo muitas e muitas coisas diferentes, como amo fazer, e descobrindo novas possibilidades de trabalho, formas de ser uma cidadã que serve para alguma coisa nessa vida. Isso é bom. Ainda sinto saudades da sala de aula, reclamava bastante dos alunos pestinhas, mas eles são os que fazem tanta falta no meu cotidiano. Agora é focar no meio digital e tocar o barco, afinal já vinha mesmo fazendo outras coisas que também são igualmente prazerosas e lucrativas. O desafio é não perder o calor humano vivendo tão ligada no mundo virtual. 

Tempo de exercitar novas práticas e executar novos planos, não apenas porque é ano novo, mas porque venho buscando uma vida nova que se reinventa a cada temporada, como esta que coincide com o início do ano. 

Promessa para 2018? Algumas, entre elas trabalhar na minha dissertação do mestrado, que ficou tão rica e até agora não publiquei. Deveria. São 60 anos do AI-5, época propícia para diversas reflexões sobre sociedade, comunicação, autoritarismo e outros pontos. 

Quem sabe eu comece aqui por partes. O que acha? Talvez eu lance uma enquete para encontrar um nome mais atual, menos acadêmico. Parece uma boa forma de aproveitar meu material, retomar o blog, algo que já foi tão produtivo pelos anos 2010, 2011. Primeiro passo, voltar para casa e revisar a dissertação que está em outro dispositivo. 

Será que me lembro do título? "1964-1966: Tempos de Transformações Políticas e Sociais - Representações da Sociedade brasileira na Revista Realidade"... Ops, não é isso, não, tá muito esquisito, deve ser algo apenas parecido, de mesmo conteúdo, só que menos enrolado! Por isso a ideia de reformular o título e deixá-lo um pouco mais atraente, quem sabe mais comercial, como dizem por aí. Conforme a publicação nem pega bem um título assim tão abrangente, embora super chique no meio acadêmico.             

Enfim, eu só queria dar um sinal de vida e agradecer aos acessos que se seguem, pedir desculpas, também, pelo temporário abandono do blog. Se eu voltar a produzir aqui, seja com aquela mesma energia do começo. 

E viva 2018, um ano em que a renovação interior continue!


Um abraço. De casa nova,

Talita Godoy


: )

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Figuras de Linguagem na Cozinha


PARA QUEM GOSTA DA LÍNGUA PORTUGUESA:




Pergunta:



Alguém sabe me explicar, num português claro e direto, sem figuras de linguagem, o que quer dizer a expressão ‘no frigir dos ovos’?





Resposta:



Quando comecei, pensava que escrever sobre comida seria sopa no mel, mamão com açúcar. Só que depois de um certo tempo dá crepe,



você percebe que comeu gato por lebre e acaba ficando com uma batata quente nas mãos. Como rapadura é doce mas não é mole, nem sempre



você tem ideias e pra descascar esse abacaxi só metendo a mão na massa. E não adianta chorar as pitangas ou, simplesmente, mandar tudo



as favas.



Já que é pelo estômago que se conquista o leitor, o negócio é ir comendo o mingau pelas beiradas, cozinhando em banho-maria, porque



é de grão em grão que a galinha enche o papo. Contudo é preciso tomar cuidado para não azedar, passar do ponto, encher lingüiça demais. Além disso, deve-se ter consciência de que é necessário comer o pão que o diabo amassou para vender o seu peixe. Afinal não se faz uma boa omelete sem antes quebrar os ovos.



Há quem pense que escrever é como tirar doce da boca de criança e vai com muita sede ao pote. Mas como o apressado come cru, essa gente acaba falando muita abobrinha, são escritores de meia tigela, trocam alhos por bugalhos e confundem Carolina de Sá Leitão com caçarolinha de assar leitão.



Há também aqueles que são arroz de festa, com a faca e o queijo nas mãos, eles se perdem em devaneios (piram na batatinha, viajam na



maionese, etc.). Achando que beleza não põe mesa, pisam no tomate, enfiam o pé na jaca, e no fim quem paga o pato é o leitor que sai



com cara de quem comeu e não gostou.



O importante é não cuspir no prato em que se come, pois quem lê não é tudo farinha do mesmo saco. Diversificar é a melhor receita



para engrossar o caldo e oferecer um texto de se comer com os olhos, literalmente.



Por outro lado se você tiver os olhos maiores que a barriga o negócio desanda e vira um verdadeiro angu de caroço. Aí, não adianta chorar sobre o leite derramado porque ninguém vai colocar uma azeitona na sua empadinha não. O pepino é só seu, e o máximo que você vai ganhar é uma banana, afinal pimenta nos olhos dos outros é refresco.



Mas - dando uma canja - as moças apetitosas são sempre um xuxu, todavia quem não trabalha não come, e ficar por cima da carne-seca, lambendo os beiços, só faz ficar chorando de barriga cheia.



A carne é fraca, eu sei. Às vezes dá vontade de largar tudo e ir plantar batatas. Mas quem não arrisca não petisca, e depois quando se junta a fome com a vontade de comer as coisas mudam da água pro vinho.



Se embananar, de vez em quando, é normal, o importante é não desistir mesmo quando o caldo entornar. Puxe a brasa pra sua sardinha



que no frigir dos ovos a conversa chega na cozinha e fica de se comer rezando. Daí, com água na boca, é só saborear, porque o que não mata engorda.



*****CIRCULOU NA INTERNET EM MARÇO / 2011 - DESCONHEÇO NOME DO AUTOR, MAS DEIXO AQUI MEUS PARABÉNS A ELE OU ELA!!!**************




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sexta-feira, 17 de junho de 2016

Blog ANO VI - Parte VI (16/07/2010)


OBS: O texto a seguir faz parte da série comemorativa dos 6 anos de blog Talita Comunica. Foram selecionados alguns dos textos mais visualzados e com temática mais interessante em 2010, ano em que o blog foi criado. Divirtam-se com a leitura!!! 




Grupo OS SATYROS se aventura no uso de uma nova linguagem teatral. A ordem agora é manter os celulares ligados durante a peça!



Entreter, divertir, fazer pensar. São muitas as possibilidades de um espetáculo provocar reações diversas no seu público e, ao que se pode notar, cada vez mais a criatividade no uso de recursos tecnológicos permite uma interação imediata. Mas na vida real a tecnologia tem sido usada para abrandar o afastamento e a solidão.

Com esta visão, o diretor do grupo Satyros, Rodolfo Garcia Vazquez, junto com Ivan Cabral escreveram “Hipóteses para o amor e a verdade”, unindo a interatividade ao vivo por canais remotos com as histórias verídicas de excêntricos moradores da região central da cidade de São Paulo. O espetáculo teve indicação ao Premio Shell de Teatro para melhor direção. 

Quando o público está na ante sala do teatro, um dos diretores se aproxima e explica a proposta do espetáculo solicitando a colaboração da platéia – as regras do jogo são basicamente as seguintes:
1) os celulares devem permanecer ligados de preferência com o viva voz ativo;
2) quando os atores fizerem ligações externas o público deve permanecer em silêncio para que a pessoa que estiver do outro lado da linha não perceba que se trata de uma falsa ligação (pizzaria e tele amizade);
3) se o seu telefone tocar durante o espetáculo, atenda. Se for de algum ator você estará participando do show, e se for uma ligação particular e você estiver entretido com a peça, avise que está no teatro e que retornará a ligação após o espetáculo. Recomendações feitas, vem o frio no estômago ao imaginar o que estará por vir!

Para acessar o local do espetáculo há um corredor com paredes escuras e num dos cantos havia uma cadeira de rodas com uma mulher sentada. Olhei, passei direto, mas voltei a cabeça rapidamente para reforçar a visão, indagando se era uma pessoa mesmo ou apenas um manequim. Coincidentemente do lado de dentro do teatro havia alguns manequins pendurados no teto por uma corrente comprida que os deixava bem perto do chão.

A disposição do teatro e do cenário, assim como dos atores que já estavam à espera do público, dava a sensação de que estávamos dentro da cena, tudo se misturava. Logo no início acontece o diálogo via internet entre dois atores, um de cada lado do palco - que não é bem um palco – e ao vivo a projeção num telão improvisado, muito usado durante a peça. Atrás da cortina a sombra também fazia parte do show, assim como as diversas câmeras apontadas para o público e para os atores, mostrando focos diferentes que da platéia o público não veria.

A tecnologia usada não é novidade, mas o que atrai é forma criativa e muito simples como ela foi empregada, e especialmente por quem e em que momento ela foi usada. Explico. No auge da sua solidão, os personagens recorrem à internet ou ao telefone celular para buscar contato com algum outro ser humano, no meio virtual, ou pessoalmente com um desconhecido qualquer.

O texto provoca uma reflexão sobre o que está acontecendo com as relações interpessoais. As novas tecnologias aproximam e ao mesmo tempo distanciam pessoas. A pergunta que fica é o quanto isso interfere nos sentimentos e acaba influenciando as ações. Os atores retratam o modo como as pessoas lidam com seus sonhos, com os seus desejos mais secretos, se envolvem casualmente em todo tipo de relações e demonstram como eles se sentem diante disso tudo.

Algumas cenas são fortes, impressionam, chocam, incomodam, enquanto outras divertem pela caracterização dos personagens que usam e abusam do sotaque paulistano. Entre eles estão prostituas, transexuais, nerds, gerentes e doidos em geral. Cada um deles conta a história que foi adaptada de uma pesquisa feita por eles mesmos entrevistando os moradores do centro.




ELENCO

A atriz Maria Casadevall mostrou um despojamento notável. Numa das cenas ela surge embrulhada num agonizante plástico que cobre até mesmo o seu rosto. Phedra de Córdebra, que é uma transexual cubana na faixa dos 70 anos de idade, impressiona pela comunicação não verbal... foi ela que me assustou na entrada do teatro! Paulinho Faria está muito engraçado encarnando Adão, um homem que deseja fazer mais filhos que o próprio Adão original. A cena dele "enchendo o balde" atrás da cortina com a sombra projetada foi muito criativa (na foto acima), um recurso simples que enriqueceu muito a peça. Não vou descrever para manter sua curiosidade! Tem Leo Moreira, como o BH (homem bomba), que narra uma parte da sua própria história; Tania Granussi em dois papéis hilários e Esther Antunes, a enfermeira que vivencia o sofrimento da mulher abandonada vivida por Phedra. Além deles, o ator Tiago Leal, que carrega aquele sotaque maravilhoso paulistano, e em meio a risadas faz o público refletir em suas justificativas para ele ser como é. Foi do seu personagem a cena mais linda que fala sobre o brilho no olhar que falta em tantas pessoas. Mas ele só quer fazer amizade, meu! Gustavo Ferreira, com as caras mais loucas possíveis, parece que quer apanhar; acho que a moça da pizzaria, pra quem ele ligou pedindo para ser ouvido em vez de pedir pizza, pensou o mesmo! Todos com participação indispensável e muito divertida, mesmo quando o assunto era coisa séria.

A temática abordada não passa despercebida por nenhum de nós. Todos nos identificamos com pessoas que tem segredos, solidão, um sonho maior e em algum momento da vida acabamos tendo que lidar com isso, não tem como fugir. O tempo todo nós lidamos com as hipóteses para o amor e a verdade...

Muito bem bolado.

E como eu diria a cada um dos meus amigos: obrigada por sua amizade, ela me livra dos perigos da solidão!

Texto: Rodolfo Garcia Vazquez e Ivan Cabral
Direção: Rodolfo Gracia Vazquez
Os Satyros 1: Rua Franklin Rosevelt, 214 - Centro SP - Tel: 32586345

ELENCO: Esther Antunes, Gustavo Ferreira, Leo Moreira, Maria Casadevall, Paulinho Faria, Phedra de Córdoba, Tania Granussi e Tiago Leal.

Site dos Satyros: http://satyros.uol.com.br/index.php/noticias/87

Blog do Paulinho Fariahttp://opankada.blogspot.com/
  
Talita Godoy
16/07/2010

Blog ANO VI - Parte V (11/2010)




TANGO PARA TEREZA


De fato: a idéia parecia complicada e era. Um ciclo de palestras a serem elaboradas, desenvolvidas e aplicadas numa ONG de assistência social tendo como público-alvo alguns dos moradores de ocupações indevidas nos prédios abandonados no centro de São Paulo. O objetivo era levar informações úteis e práticas que pudessem servir àquelas pessoas de alguma forma. O projeto foi apresentado aos meus colegas do curso de Instrutor de Treinamento, em maio de 2010. Os cinco amigos acharam tudo lindo e queriam ajudar pois assim estaríamos colocando em prática toda a teoria aprendida no curso além de ajudar pessoas necessitadas. Tanto que o apelidamos de Projeto de mão dupla, ajudando e sendo ajudados.

Ao entrar em contato com o Leandro, coordenador da ONG e meu amigo pessoal, ele gostou e nos apoiou liberando toda a infra-estrutura que fosse preciso, até mesmo para nossas reuniões de elaboração. Era só arregaçar as mangas para pôr a mão na massa, só que bem nessa hora... que coisa, infelizmente não vai dar... eu queria tanto participar do projeto! E assim a Talita ficou em carreira solo, mas quem mandou gerar a idéia? Agora cuida que o filho é seu. Outra opção seria usar isso como desculpa, fiquei só, mas não sou de desistir, e quanto maior a dificuldade, maior o desafio.

E para relaxar a mente, fui ao teatro. Estou sempre buscando relaxar a minha mente dessa forma, é uma excelente terapia, tente para você ver! A peça da vez foi “Hipóteses para o amor e a verdade”. Soube que os atores entrevistaram pessoas que moram na região do teatro e com as suas histórias foi montado o enredo do espetáculo. Daí surgiu a idéia de investigar o meu público para verificar se o que eu havia programado estava de acordo com a realidade de vida deles. Agora sozinha eu não poderia cometer furos, a quem eu empurraria alguma eventual culpa?! Ainda vou perdoá-los, prometo!  


PESQUISA DE CAMPO
Enfim, a visita técnica. O Leandro me deixou com a Rose, uma agente social que logo de cara me fez caminhar 6 quilômetros da Sé até a rua Mauá, nos arredores da Estação da Luz. Contei a ela que no dia seguinte minhas pernas tremiam! Entramos nos cortiços, falamos com algumas pessoas e se eu entrar em detalhes aqui não paro tão cedo, então vou pular essa parte.

Deixe-me apenas contar da entrevista que fiz com a Flavia, uma jovem na casa dos 25 anos que cria sozinha 3 filhos. Ela é sustentada pelo auxílio do governo, ganha R$40,00 por criança no bolsa família. Perguntei se ela gostaria de trabalhar, ela afirmou que sim, mas está difícil conseguir emprego. Perguntei por quê. Ela respondeu que era por falta de escolaridade e me contou que agora se arrepende, mas quando era criança não levava os estudos a sério e nem se quer aprendeu a escrever. Ela lê um pouquinho, meio devagar, mas escrever é só o nome. Já a Ester, que mora do outro lado da rua, completou o ensino médio mas também está com dificuldade de conseguir emprego pois ela nota que há muita concorrência e ela precisa de qualificação. Perguntei se ela gostaria de fazer um treinamento que a preparasse para uma entrevista de emprego e ela disse que sim, "seria muito bom se tivesse isso lá na ONG", nas palavras dela com um sorriso leve e olhos arregalados, sinalizando esperança.

Achei exatamente o que procurava. O tema que seria alvo do meu novo projeto deveria se limitar a isso - entrevista de emprego. Voltei para casa e cancelei o resto. Apesar da minha boa vontade eu não tenho como abraçar o mundo. Com meus desistentes talvez desse certo, mas sozinha eu fiquei limitada. 

Mas foi ótimo estar presente ali, mesmo que eu tenha passado por momentos que ficam melhores se esquecidos, como a caminhada pelo corredor de chão perfurado, em que pelas brechas se via o andar de baixo, com a madeira que afundava a cada passo meu e da Rose. As paredes altas terminavam com as telhas que cobriam o teto, cheio de fios soltos, pendurados, prontos para dar um curto circuito. No final do corredor, uma escadinha em curva para os fundos do casarão abandonado pelo tempo. Uma poça de esgoto dava ao lugar um cheiro insuportável. A moradora nos pediu desculpas, mas avisou que já iam consertar a fossa. Um único banheiro para muitas famílias, que vivem separadas por cômodos.

Imaginei se elas tinham o que comer, mas vi nas “casas” geladeira, microondas e televisão de tela plana. Onde e como eles conseguem aquilo? Na saída, uma mocinha com o bebê no colo parou a Rose perguntando se ela poderia conseguir uma vaga na creche. Ela estava precisando arranjar outro emprego pois ali no bar não tinha registro em carteira, ela queria coisa mais segura. Ter os filhos numa creche é artigo de luxo, mas é necessidade fundamental para aqueles moradores. Alguns desistem de trabalhar por que não têm com quem deixar as crianças.


SEGUNDO ROUND
Fim do primeiro dia. Deixei passar um tempo para eu assimilar tudo aquilo, refiz a palestra e achei que era hora de voltar para uma segunda visita, e de novo verificar se o alvo agora estava correto. Pedi à Rose que me fizesse caminhar só a metade dos 6 quilômetros anteriores. Ela concordou com o meu apelo, andamos só uns 3 ou 4. Naquele intervalo entre as visitas, continuei trocando email com ela, fazendo perguntas, vendo fotos e um vídeo que me chamou a atenção, era a dona Terezinha falando muito, adivinhando coisas, perguntando o tempo todo, fazendo as pessoas rirem. No final ela mostrou a sua voz incrivelmente afinada, doce e potente. Era Fascinação. E talvez a melhor expressão para defini-la seja essa, uma pessoa fascinante como a sua música.

A Rose me levou até a sua casa: um quartinho onde cabia nos fundos um colchão, no meio um fogãozinho de duas bocas, no canto uma geladeira; nas prateleiras alguns mantimentos e artigos de higiene pessoal. Era ali, que aos 63 anos, ela viva mas fez questão de nos fazer sentar com ela e ouvir sua história do passado de glórias quando ela foi na TV cantar no Programa do Chacrinha, no Sargenteli e tantas outras apresentações. Disse que na casa dos seus pais, no interior, ela tinha álbuns de foto e troféus dos programas de calouros. A Rose sugeriu que quando ela tivesse de novo uma casa para morar ela trouxesse essas preciosidades com ela. A dona Tereza concordou pois eram recordações de uma vida glamorosa, abastada, lembranças de uma vida muito boa e feliz.

Ela nos contou do dinheiro que ganhou cantando na noite e que em pouco tempo houve uma reviravolta, foi perdendo tudo, até a família e os amigos. Atualmente ela só recebia ajuda quando cantava numa paróquia ali perto. Ela estava com pneumonia, mesmo assim fumou um cigarro inteiro na nossa frente. Eu e Rose em fumo passivo. A Rose falou com ela sobre isso, mas ela disse que havia ganhado o cigarro! E tossiu.

Hora de ir, mas antes ela fez questão de nos retribuir a visita com a sua especialidade: música. Perguntou se eu queria ouvir Fascinação, mas essa eu já tinha assistido em vídeo, pedi a outra, e ela cantou Tango para Tereza. A melodia era tão linda naquela voz, e a letra pareceu tão triste que não resisti, segurei as lágrimas, mas meu coração por dentro silenciosamente chorou!

Que pessoa impressionante, ela prendia a atenção de qualquer um com seu jeito artístico até para falar. Ela interpretou a música com a própria alma. Coisa linda de se ver e ouvir.

Desta vez o dia havia começado muito bem. Já nas visitas seguintes, vi novamente muita miséria, mau cheiro, crianças descalças pisando no lixo, algo deprimente, mas que logo deu lugar a outros pensamentos.


SILÊNCIO
Quando saímos de lá em retorno à ONG, falamos na dona Tereza. Foi uma honra tê-la conhecido e só de poder ouvi-la, já me senti bem, como se aquilo por si só já fosse uma missão cumprida. Lembram do texto sobre o "SILÊNCIO"? Ouvir é muito bom. Aposto que ela gostou de ter recebido atenção ser ouvida em dose dupla! A Rose foi muito elogiada por ela, chamada "anjo da guarda". E aquele anjo loiro estaria algumas horas depois velando o seu corpo morto, providenciando um enterro decente para ela, dona Tereza que se foi logo depois que saímos da sua casa. Contaram pra Rose que ela teve uma crise de falta de ar, tentou ir ao pronto socorro mas desmaiou na rua. Foi socorrida, mas no hospital ela veio a falecer com insuficiência respiratória. O líder da ocupação em que ela morava ligou para a Rose, ela foi até lá e definitivamente se despediu da dona Tereza.

No mesmo dia. Ela sorriu conosco, cantou especialmente para nós. Sugeriu que o Leandro organizasse um Sarau na Ong... e quem leu o meu texto sobre Sarau pode imaginar de leve o que foi que eu senti quando ouvi a sugestão dela: que idéia brilhante! Só que agora ela não está mais aqui para cantar. Será que outras Terezas virão?!

Quando fui criticada por alguns amigos sobre o trabalho na ONG, expliquei a minha amiga Dani mais ou menos o seguinte (segue parte do email que enviei a ela):

“Consegui cumprir plenamente o meu objetivo que era ver com meus próprios olhos a realidade de vida daquela gente: miséria plena. Além disso, eu disse pra Rosangela que é deprimente, cansativo, a energia é péssima, mas o lado bom é justamente o choque social. Depois de passar por ali, qualquer pessoa se torna mais humana, mais gente... menos diferente, menos "melhor" que os outros, passa a dar mais valor à sua vida, à sua condição no geral, e passa a dar menos importância a "coisinhas". A experiência foi excelente, de uma grandeza inexplicável. Eu precisava disso para compor a palestra que estou elaborando, e na verdade a primeira visita derrubou todo o trabalho que eu já tinha feito, pois eu imaginava o baixo nível, mas depois eu vi que era muito mais baixo... reelaborei, e precisei de uma última visita para conferir se agora sim eu havia atingido o ponto certo. Fica tranqüila, pois de certa forma gostei de sofrer, foi por uma causa nobre que não vai se repetir, ao menos não tão cedo. Mas se eu sentir de novo "o chamado", aí sim eu vou... disse a Deus: Eis-me aqui, Senhor! E ele me enviou. Só crendo em Deus para entender o que aconteceu no episódio da dona Tereza. Valeu a pena pois tive isso em mente, que foi um trabalho especial e que já foi concluído. Quanto as más energias, eu dei o meu melhor, passei muita coisa boa, depois precisei me recarregar, mas isso Deus fez por mim!!! Já estou ótima hoje, quase no meu normal, ainda meio pensativa, mas em ordem. Obrigada por se preocupar - pode crer que estou nos braços de Deus!!!”

E assim fui levando a sério minha tal missão na vida que é aprender e servir.

A propósito, a ONG tem muito projeto bacana, quem quiser conhecer, se envolver de alguma forma e colaborar com a sua particular responsabilidade social, pode saber mais via site:





Talita Godoy
19/10/2010



Segue o video da dona Tereza cantando Fascinação. Gravado há alguns meses, pelo Leandro, na ONG CIEDS. Abaixo, a letra da música que ela cantou para nós. Postado em homengem à dona Terezinha e à Rose, que também acho ser um anjo!!! Obrigada por me proporcionar aqueles momentos inesquecíveis no seu trabalho, que só eu sei como é grandioso. Rose: você é uma pessoa preciosa!!! Bjs com carinho, Talita.

E canta, dona Tereza, faz o que a senhora mais ama nessa vida:





Tango para Tereza


Composição: Evaldo Gouveia e Jair Amorim

Hoje alguém pos a rodar
Um disco de Gardel no apartamento junto ao meu
Que tristeza me deu

Era todo um passado lindo
A mocidade vindo na parede me dizer para eu sofrer
Trago a vida agora calma
Um tango dentro d’alma
A velha história de um amor que no tempo ficou . . .

Garçon ponha a cerveja sobre a mesa
Bandoneon toque de novo que Tereza
Esta noite vai ser minha e vai dançar
Para eu sonhar . . . .

A luz do cabaré já se apagou, em mim
O tango na vitrola, também chegou ao fim
Parece me dizer
Que a noite envelheceu
Que é hora de lembrar
E de chorar . . . . .




*** *** ***

Blog ANO VI - Parte IV (22/08/2010)


FOMENTO DA CULTURA E DA EDUCAÇÃO POR MEIO DA LEITURA



Era gente indo e vindo, fazendo fila no carrinho de sorvete ou no churrasquinho, já tão tradicional em São Paulo. Fila pra pegar o ônibus de graça, fila de carros andando lentamente, mas todos, um a um, cumprindo a missão do dia: assistir a uma parida de futebol. Bem que parecia, mas não era isso, não. O povo estava indo visitar a Bienal do Livro!

Correria toda para comprar algum exemplar de lançamento? Pegar autógrafo de algum autor? Poderia ser também para participar de uma das tantas palestras, mesas de bate-papo ao vivo, encontros de educadores, escritores, blogueiros e tuiteiros, ou contações de histórias com marionetes ou atores reais.

Teve quem visse pela primeira vez algo que era coisa do futuro, mas já está nas bancas: o livro digital... Eu morria de medo disso, mas confesso que gostei muito da novidade! Fisicamente ele parece um MP4 do tamanho de um livro médio; as funções são praticamente as mesmas, ao invés de acessar música o leitor acessa o livro, página por página com seus textos e ilustrações. Ele grifa quando quiser, faz anotações, marca onde parou a leitura etc. Porém, não dá para dobrar a orelha, não dá para folhear, não dá para... evitar sua chegada e que os novos leitores o prefiram numa geração bem próxima.

Quem me mostrou o Cool-er (cool, algo legal em inglês, junto com ler em português, ou uma leitura legal, originou o nome daquele tipo de periférico que eu vi na feira) foi o Daniel, um funcionário da empresa Itapemirim, que atua num projeto que transformou o ônibus em uma Biblioteca Móvel. Ele viaja por todo o país e fica em média 03 semanas em cada cidade.

O bacana, segundo ele, é que a pessoa não entra ali para ler um livro inteiro, mas para se aproximar do livro, conhecer a variedade, geralmente perguntam sobre a Biblioteca local e dizem que vão passar a freqüentar, pois adoram livros! Então por que não lêem?! Hábito, minha gente, tudo é questão de hábito.

E ainda sobre os livros digitais, perguntei ao Daniel se a novidade está agradando, ele disse que sim, mas que as pessoas olham, até acham interessante, mas preferem ainda o livro tradicional. As crianças familiarizadas com as novas tecnologias se divertem mesmo com o livro impresso. Ufa, no fundo me deu um certo alívio ouvir isso!

E adianta discutir o assunto? Talvez o mais importante seja a leitura em si; em papel impresso ou em meio virtual, o conteúdo estará presente e isso é fato. O “como” sinceramente não me incomoda. Assim como não me incomoda mais pensar nas tecnologias que terei dificuldade em acessar no futuro, pois nesta feira eu percebi que elas já existem e é delas que eu tenho que correr atrás.

Tem tanto recurso disponível, que mal aceito um e já vem outro! Mal descubro e passo a conhecer um, e lá vem o próximo. Ou a pessoa pira de vez ou ela busca se informar, observa o cara do lado que entende do assunto, pergunta, conversa, pesquisa e assim vai.

Fazemos parte de uma geração que teve o privilégio de ver um grande salto na tecnologia e nas relações interpessoais. Sim, pois não apenas muda o meio como a comunicação se dá, mas a forma como nos comportamos e nos expressamos por meio deles. Há quem seja totalmente equipado com a mais alta tecnologia sem ter o que dizer ao outro! Como ainda há o que deseja gritar aos quatro ventos mas ainda não achou a ferramenta certa pra isso.

E assim vamos nos adaptando para uma nova era cultural. E já prevendo que ela logo poderá mudar de novo. Espero que não mude o hábito de ler, falar e ouvir, olhar nos olhos, quem sabe até melhore a observação sobre o que diz o brilho nos olhos do outro! E que cada um saiba o momento de se retirar, ficar quieto, isolado, refletindo, buscando coisas diferentes, e saiba também a hora de dar um off na máquina e voltar a se relacionar com pessoas ao vivo.

Foi o que fizeram aquelas milhares de pessoas formadoras da grande muvuca em frente ao Anhembi, no penúltimo dia da feira do Livro em São Paulo. Fico feliz em ver com isso o fomento da cultura, da leitura, da educação, a busca pelo novo, o encontro de pessoas que me fazem acreditar num país melhor.

Só a educação salva!

Termino com uma provocação a você, que preferiu ficar em casa e ler um Blog: tem idéia do evento monstro que você perdeu???






Talita Godoy
22/08/2010