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sábado, 18 de setembro de 2010

Coletivo - Parte II


Coisas que me irritam em um ônibus lotado


Já faz um bom tempo que ando de ônibus dentro da megalópole São Paulo. Em todos os horários, para todos os lados, fiz roteiros que eu mesma nem imaginava. São muitas linhas, diversas empresas, porém o que não muda são os problemas que a gente encontra em relação aos outros passageiros. É que chamo de drama no busão, número 2. O número 1 foi o do motorista que quase capotou com a lotação máxima. Vou relatar alguns outros.

Destaque para o cara chato que leva o celular na mão ou no bolso, e para mostrar que “ele” é potente, liga o bichinho no último volume para ouvir sei lá o quê. Chamam aquilo de música, mas parece um berro com efeitos sonoros, uma batucada sem fim com uns barulhos pro meio. Enfim: música!

Agora imagine se entra mais um sujeito querendo exibir seu celular, e veja bem, não disse walkmam nem radinho de pilha, trata-se de um celular. Pois bem, se ele decide ouvir outra música, outro ritmo, e chega mais um também afim de que todos saibam que ele está ali e seu celular vem junto. E se eu também resolver ouvir música, no último volume, você chegar, ligar o seu, tudo ao mesmo tempo - chega! Dá um certo desespero só de pensar.

E vai tentar convencer o camarada de que celular não é pra ser ligado dentro do coletivo em volume audível para os demais passageiros que nada têm a ver com aquele estilo musical!

Pois foi o que eu tentei fazer com um garoto que caiu na bobeira de tomar acento ao meu lado e ligar o celular numa música dessas insuportáveis. Eu delicadamente olhei para ele e perguntei em tom de imploração: você se importa em abaixar o volume do seu radinho? Ironicamente olhei para o aparelho e exclamei: ah, é um celular! Mesmo assim, você poderia abaixar o volume, por favor?!

O garoto fez que fez e não fez nada. Em três segundos me dirigi a ele de novo e disse: para quem curte ouvir música, mesmo que seja uma assim como essa, fica melhor usar o fone de ouvido, você sabe qual? Ele balançou a cabeça, provavelmente sentindo que seria um bom negócio desligar o celular, mas relutante ele insistiu em deixar o som rolando. Então eu disse: existe uma lei municipal que proíbe o uso de aparelhos sonoros dentro dos ônibus, você sabia disso? Cadê a plaquinha? Apontei o dedo para o alto procurando a bendita.

Nisso, ele se levantou e caminhou até a porta, só que eu também ia descer do ônibus. Acho que assustei o rapaz, ele desapareceu rapidamente, mas antes ele deve ter passado algum vexame com a platéia ao redor, acompanhando a nossa interminável conversa! Não dizem que os incomodados que se retirem? Eu estava incomodada no início, porém passei de incomodada a incômoda... ele se retirou. Será que eu venci? Teria eu conseguido colocar um pouco de bom senso na cabeça do rapaz? Quem me dera!

Que dificuldade fazer com que as pessoas se manquem e não provoquem ainda mais o desconforto que é por si só andar de ônibus em São Paulo!

E para provar que não é só isso, proponho uma enquete com quem passa o sufoco que eu passo: o que incomoda mais, aquele pessoal que fica parado na escadinha da porta, parece que vai descer a cada ponto e nada, os chamados “porteiros de ônibus” ou ainda aquelas pessoas que querem literalmente carregar o mundo nas costas, dentro de um mochilão enorme, coisa típica de pessoas sem a mínina noção de espaço?

Aviso que simplesmente não dá para carregar uma mochila cheia nas costas, a pessoa não percebe o quanto esbarra nos outros, o quanto atrapalha ocupando o corredor. Você pode até se apertar num canto qualquer, mas a sua mochila ficará bem no meio do caminho. Ela deve ser carregada na lateral do corpo ou na frente; pode até mesmo ficar no chão, dependendo do caso. Na época de escola fiz muito isso e nunca deu problema, ao contrário, é uma forma de ser educado, gentil, de mostrar que você se manca, meu amigo!

E acredite, coisas assim me irritam pra valer. Tem ainda um caso curioso sobre ser gentil: uma colega que estava sentada e se ofereceu para carregar a bolsa de uma mulher que estava em pé, ambas dentro do ônibus cheio. Após alguns minutos naquela situação, a moça conseguiu um lugar para se sentar também. Ela pegou de volta a bolsa, abriu o zíper e disse para a minha colega: hei, você mexeu na minha bolsa! Tinha uma tal coisa minha aqui dentro mas... sumiu, você pegou! A minha amiga encarou feio a ingrata; em tom ameaçador ofereceu a própria bolsa e a desafiou a procurar nas coisas dela, porém, se não achasse nada ela levaria uma surra ali mesmo. Que baixaria! Alguém que estava junto acalmou as duas, testemunhando que nada havia acontecido, até mesmo porque elas estavam o tempo todo juntas. Que situação constrangedora! Depois de ouvir isso nunca mais me ofereci para ajudar ninguém a levar nada, cada um que carregue o seu peso! É a corrupção da gentileza. Melhor pegar o trem das 11, será que lá também tem isso?!

Agora me diga sinceramente, das opções abaixo, qual irrita mais você?

( 1 ) pessoa ouvindo música em volume máximo via celular;
( 2 ) pessoa que guarda a porta travando a passagem de quem vai descer;
( 3 ) pessoa que carrega a mochila nas costas e os outros que se ferrem;
( 4 ) outras alternativas, favor descrever no comentário.

Será que está na minha hora de comprar um carro? Pode ser...


Talita Godoy
15/09/2010