Seguidores

Translate

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Sobre sonhos adormecidos



Descansar sim; desistir, jamais!

“No mundo há mais pessoas que desistem do que pessoas que fracassam”
(Henry Ford)

Quando li esta frase, logo pensei nos sonhos que a gente deixa pra lá por vários motivos. Em certos casos pensamos que não deu certo, que não era a hora certa, que não estávamos no local certo ou qualquer outro motivo. Desistimos, ainda que momentaneamente.
Certa vez entrou na moda um casaco longo, do tipo sobretudo na cor rosa. Logo depois veio o vermelho, arrasando os corações de toda paulistana de bom gosto. Claro que eu também queria um, ou os dois! E olha que não sou uma daquelas pessoas que necessariamente segue a moda; uso o que tenho, uso o que me deixa confortável, compro apenas se me agrada, e não é sempre que isso acontece, mas no caso dos grandes casacos, esses eu queria. E passei muita vontade. 

Na época eu trabalhava em plena Avenida Paulista, mas ao contrário da maioria, meu salário era de meio período, como o horário do meu expediente. Tempos difíceis. Como difícil foi também lidar com um sentimento que raramente me afetava, o desejo por algo material que eu não podia ter naquele momento. Deixei de lado, a vontade passou, o inverno passou e logo tínhamos as flores e o sol para nos fazer desejar outros bens. 

Alguns anos depois entrei num supermercado, parei para tirar da bolsa meu bloquinho de anotações, pois estava fazendo uma pesquisa de preços, e quando desencostei do murinho em que havia colocado a bolsa, uma surpresa desagradável: minha blusa havia grudado numa tinta amarela, bem na região abdominal. Entrei, estava com pressa, fiz as minhas devidas observações e antes de ir embora passei no atendimento ao cliente, contei o fato e alertei: vocês precisam colocar uma placa alertando a todos que tomem cuidado com a tinta fresca! 

O gerente foi chamado e imediatamente me pediu que fosse ao setor de roupas e escolhesse qualquer peça em reposição a que eu estava usando. Então eu perguntei qual o valor estimado da peça, e ele respondeu: qualquer um, leve a peça de roupa que a faça se sentir compensada pela nossa falha. Recebi o caloroso pedido de desculpas escolhendo um casaco longo, cor de rosa, tal qual aquele que, uns cinco anos atrás, eu queria tanto e não pude comprar. 

Ganhei o casaco e uma lição: você pode se esquecer dos seus sonhos, mas Deus conhece o seu coração. Se você for digno e se o seu desejo for tão sincero como aquele, não importa quanto tempo passe, o seu sonho vai se concretizar. 

Outro ponto interessante é que eu poderia ter comprado na época o casaco parcelado em muitas vezes, mas quando terminasse de pagar o inverno já teria passado, a moda já teria passado e uma dívida não planejada não justifica a aquisição de um bem por simples desejo. Não era algo essencial, por isso não comprei. 

Arquivei o desejo na gaveta do futuro e chegou o momento certo de abri-la: além do casaco rosa, hoje tenho também o vermelho, que minha irmã guardou para me entregar numa viagem incrível que fiz com ela, outro sonho antigo que estava arquivado e de repente se concretizou, mas esta é uma história para outra ocasião! 

Desejo, sonho, fé, dedicação. Palavras nas quais acredito, apesar dos que me julgam e me criticam. Sigo por experiência própria, e aos poucos sei que meus desejos verdadeiros, mesmo que secretos, sempre se realizam com louvor. Se não agora, depois! Por isso o título deste texto, em outras palavras: dar um tempo, sim; desistir, jamais.