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quinta-feira, 4 de junho de 2015

Dia do Meio Ambiente - 05 de junho



   Deveria ser feriado, mas não é. Como também deveria ser lembradoa todo instante, e quase nunca é, ao menos numa cidade como São Paulo, em que não sei o que acontece com o lixo seco que eu junto e jogo no latão de recicláveis. 

Ao passar pelo portão ele vai embora e quem sabe para aonde? 

E das nascentes dos rios, quem cuida? Há muitos anos conheci a do rio Tietê, em Salesópolis, interior do Estado. Era uma propriedade particular, mas parece que foi dominada por algum tipo de órgão público, na finalidade de preservá-la. Não inspirou muito a minha confiança não. 

Há muitos anos, também, tomei conhecimento da real situação do problema de uma iminente dalta de água em São Paulo. Eu, uma jovem estudante me perguntava por que o governo não tomava providências a tempo. Era ingênua demais, e ainda sou!  

Nos pedem para economizar como se houvesse salvação sem que eles façam urgentemente alguma coisa concreta - de concreto. E salve o dia do meio ambiente, numa cidade onde cada vez menos vemos o verde, ele sumiu em meio ao mercado imobiliário, que ainda não entrou no esquema de vigilância e por enquanto segue feliz e sorridente, mas o que deve ter de coisa errada ali, nem imagino... ou só imagino. 

Dia do meio ambiente para quê, se cada vez mais o que vemos é desmatamento, da Amazônia, por exemplo, continua. Alguém forte se importa? 
Precisam de mais lugar para o pasto, desmatam e dão muita água para o boi beber, imagina quanta? Você pode ficar sem, mas a criação de gado continua firme e forte, para o gado não vai faltar nada, nem água, nem pasto. 

Aparelhos eletrônicos também, sabe o quanto consomem de água para ser produzir qualquer um deles? Procure saber, é um susto descobrir que nos pedem para reduzir o consumo de água no que é básico, e até cortam ou fazem o rodízio que não é rodízio nos bairros mais pobres da cidade, sem tocar na produção dos eletrônicos. Talvez por que os impostos que as empresas pagam justifique a preferência. Para elas não vai faltar água, nem energia.

Estão produzindo mais uma usina geradora de energia no Pará. Já ouviu falar de Altamira? Belo Monte? Área ocupada por habitantes nativos que foram despejados sem a menor piedade. Quem se importa? E o lucro da usina, não vale mais? Não, não vale, desalojar pessoas da sua vida habitual me parece uma crueldade, nada seria compensador quando se fala de uma vida toda em que a pessoa luta para ter um pedaço de terra e de repente perde tudo para a construção de uma usina, bem ali, onde eles vivem. 

Índios? Quem se importa? Leva para outro lugar por que aqui vai passar o desenvolvimento, pe disso que o povo precisa. Que povo? Se eles podem viver com tão pouco, ou com nada, por que entramos nessa roda viva que é o consumo e não conseguimos mais puxar o freio???

Sabe que fiz isso de uns dois anos para cá? Experimentei viver com menos agonia, com menos consumo, e deu muito certo. Trabalhei menos, andei menos, gastei menos, fiquei mais em paz e continuo feliz do mesmo jeito. 

Não se pensa mais em qualidade de vida, ou mudram o seu sentido para o "ter". E para quê? Deixamos que o mercado nos diga tudo o que devemos fazer, seguir, como agir e até sobre o que falar, como pensar. Isso não é demais???

Outro dia, falando com um grupo de pessoas, os deixei impressionados com o meu pessimismo em relação a quase tudo: será possível gerar sustentabilidade para as próximas gerações? Há diversidade possível no mundo que se possa respeitar e viver em paz? O racismo e outros preconceitos são possíveis de se combater com leis? Educação no nosso país, tem chance de um dia acontecer de fato? 

Amor so próximo, então, esquece, não se sabe mais o que é isso. Como preservar a natureza se nem as pessoas se respeitam pelas ruas? Olhe em volta para ver o que digo, o tempo todo é notícia de crimes idiotas, cometidos por pessoas indignas, e no dia seguinte vão se repetir. Quanto vale a vida???

Crise de otimismo sim, ou melhor, de pessimismo, contudo, o que não admito é que sair do meu padrão e desistir de fazer a minha parte, pois se não posso mudar o mundo, posso ao menos criar um ambiente agradável para eu viver, e talvez por isso viva mais só do que acompanhada! A intolerância me atinge em cheio por vezes... Anda difícil encontrar pessoas com este mesmo foco. Gente com aparência boa tem de monte por aí, mas se importar de verdade com o meio ambiente, com valores simples que vêm de berço, isso anda meio difícil. 

Assisti a um vídeo que circulou esses dias, do filósofo Leandro Karnal comentando sobre a ilusão de muitas pessoas achando que o problema da corrupção do país se resolve tirando o partido político atual do poder. Ilusão acreditar que isso resolve, afinal, todo mundo comete atos ilícitos numa boa, achando que não tem problema, estamos no país da corrupção! Não há quem não cometa uma falha sem fazer aquela cara de "e daí"?! Não é a raça de políticos a única responsável pelo nível em que chegamos. E creio que ainda vamos afundar um pouco mais. Nem adianta rezar!

A coisa vai mal, e não é pelo meu momento de pessimismo que digo isso não, é porque vejo aquelas cenas de novela na vida real, um passando a perna no outro, armações que dão certo, maldades sem restrições, tudo pela sensação de poder, que também considero falsa, tanto como as pessoas que se julgam possuidoras dele. Que coisa ridícula, que feio puxar o tapete dos outros e sair de fininho, sem ser percebido. Será que dormem em paz? Pior que sim, ao menos eu acho. 

Em homenagem ao dia 05 de junho, assisti ao filme Xingu. Fiquei pensando por quanto tempo mais o povo indígena vai resistir e existir. Também havia lido uma grande reportagem da Revista Realidade sobre a Mamazônia, dos anos 1970, aliás, não apenas uma grande reportagem, as 150 páginas da revista deram espaço a uma edição especial, contando o que se passava por lá, denunciando a posse de terras e o desmatamento sem medida. Já naquela década o fato era visto como uma escandalosa destruição de um patrimônio sagrado da natureza. E assim, foi, e assim é até acabar - ou pretendem parar algum dia???




Não existem mais Vilas Boas, nem Chicos Mendes, nem aqueles poucos ícones da defesa da natureza e dos nativos. Parecem que todos morreram, ou restaramtão poucos que não se ouve nem falar quem são, mas a luta não foi em vão, isso me inspira.

   


Espero que o meio ambiente encontre forças para se vingar da destruição que causam a ele...duro é que todos sofrem as consequências, inclusive quem nada fez para prejudicá-lo. Sinceramente? Não quero estar aqui para ver. Sorte da minha mãe, que viveu os últimos anos numa cidade do interior, limpa, com muita água, cercada de pessoas de bem, e partiu para o seu fim da vida acreditando que nós ficaríamos bem. Sorte dela. 

Também espero por dias melhores, em que eu encontre mais uma vez uma causa pela qual lutar. Segurando uma bandeira se vai mais longe, se cria mais sentido para a vida. Por enquanto hoje minha alegria foi provar a mim mesma que não preciso viver trabalhando como louca para ter dinheiro, gastar tudo e sentir aquela falsa sensação de felicidade. Tirei o foco do consumo e parece que me acalmei, mas ver o mundo assim, como a coisa anda, é desanimador. 

Tudo bem se eu achar o botão para desligar a luz. Iludida sou mais feliz!

Recomendo os filmes "Xingu", sobre a saga dos irmãos Orlando, Cláudio e Leonardo Villas Boas, criadores do Parque Nacional Xingu, em defesa dos índios, e "Amazônia em Chamas", sobre os seringueiros e o grande defensor da selva, Chico Mendes.

Procure saber o que citei acima, quanto custa um bife no seu prato, ou melhor, o processo todo, até que ele chegue lá. Também o custo de produção dos eletrônicos, em termos de meio ambiente.

E viva 05 de junho - Dia do Meio Ambiente....!!!


Aguardando por dias melhores - fazendo o mínmo para que eles existam...



Talita Godoy
04/06/2015