Reflexões e Teorias da comunicação
(Continuando - Parte II)
Comunicação como processo social
Após analisar
o modelo de Shannon, estudiosos americanos passaram a considerar o processo de
comunicação social.
Levaram em
conta: a palavra, o gesto, a mímica, o espaço físico, contexto, status e outros
aspectos indissociáveis na comunicação.
Até mesmo em
silêncio, comunica-se algo.
Esta conclusão
partiu por volta dos anos 50 como resultado dos estudos de norte americanos em
áreas interdisciplinares, como sociologia, psicologia, linguística,
antropologia e matemática.
Cada povo
carrega sua própria cultura e suas regras de comunicação, o que foi notado pelo
sociólogo Erving Goffman.
Para refletir
Ao chegar em
outro país você nota que os costumes são diferentes. Como agir? Procura se
inteirar para seguir os costumes ou mantém seus próprios hábitos, afinal você é
um visitante? Você respeita os costumes e as tradições locais, pois você está
na terra deles ou espera que eles sejam compreensivos com a sua cultura e que o
permitam agir como se estivesse no seu país, de cultura e tradições diferentes?
Em que ou de
que forma a diferença cultural pode interferir na comunicação entre duas
pessoas de origens distintas?
A Escola de Palo Alto
Goffman,
sociólogo da corrente do interacionismo simbólico, estabelece as premissas para
pensar a comunicação humana como uma interação, tendo em conta as regras e as
estratégias do jogo.
Cada indivíduo
pode querer manipular as regras para benefício próprio e construir um papel de
si próprio que lhe permita impor uma melhor imagem. Cada um coloca em cena uma
imagem de si, constrói um papel.
Surge a
sociologia interacionista estudada na Escola de Palo Alto, na Califórnia, que
considera a comunicação um processo integrador, indo além do modelo de
comunicação simplesmente linear, pois comunicar é construir um sentido e criar
interação.
Indo além da
comunicação interacional, e do modelo de Shannon, o pesquisador Yves Wikin leva
em consideração as grandes estruturas sociais, classes e grupos determinados,
relações de poder e a influência da mídia (meios massivos de comunicação).
Estes estudos
abrem caminhos para questões como: os meios massivos têm poder para orientar ou
provocar condutas e impor modas, ou, pelo contrário, expressam desejos,
fantasias ou interesses já existentes no público?
Um dos
aspectos centrais dos estudos em comunicação consiste em indagar as relações entre sociedade e os meios de comunicação de massa.
As
transformações sociais, políticas, econômicas e ideológicas que se verificam a
partir da revolução industrial – e que se intensificam de maneira considerável
na Europa e nos Estados Unidos, a partir da segunda metade do século XIX – dão
lugar ao que se conhece como sociedade de massa.
Características da Sociedade de Massa
- Expansão
do sistema capitalista industrial;
- Divisão
e especialização do trabalho, maior demanda de trabalhadores e de qualificação
profissional;
- Expansão
da alfabetização e criação de sistemas educacionais;
- Complexidade
das estruturas sociais;
- Integração
e desenvolvimento dos mercados e das cidades;
- Crescimento
da população;
- Organização
da ordem social (o indivíduo, a justiça social, o trabalho regulamentado, a
igualdade);
- Invenções
tecnológicas permanentes.
Comunicação de massa e sociedade
As grandes
transformações econômicas criam condições para acesso progressivo de vastos
setores da população aos direitos civis e políticos (como o direito ao voto e à
educação).
O barateamento
dos custos de produção e a alfabetização favorecem a distribuição massiva de
bens culturais a um público ávido por consumir.
No final do
século XX, crescem significativamente a circulação de periódicos (jornais e
revistas), as edições populares de livros e as novelas impressas. Nasce, assim,
a sociedade e a cultura de massa.
No começo da
década de 1920, o rádio e o cinema se integram à vida de gente comum.
Apocalípticos e Integrados
Apocalípticos:
Sentem nostalgia por uma época em que os valores culturais eram privilégio de
uma classe. O condicionamento industrial que reproduz as expressões culturais,
sustentam, é prejudicial. Seu olhar é desconfiado e conservador, por isso
rechaçam qualquer modificação do que já existia e dirigem seus ataques à
cultura de massa.
Integrados:
Estes, segundo Umberto Eco, carecem de uma visão crítica: não se perguntam
pelos interesses políticos e econômicos que sustentam as manifestações da
cultura de massa (ou popular). Tão pouco indagam quem gera os produtos
culturais e com que consequências. Pecam por certo “liberalismo cultural”. Supõem
que a circulação livre e intensa é, em si, naturalmente boa e resulta em
benefícios para a sociedade.
Sociedade Industrial
A cultura de massas é boa ou ruim? A cultura elitizada perdeu o seu valor?
Não seria
melhor perguntar que ações e intervenções podem se dar para que os meios
massivos de comunicação sejam veículos de valores positivos ao invés de
simplesmente tentar barra-los ou julgá-los?
A cultura de
massa é algo sem volta, tornou-se um produto industrial, direcionado a uma
sociedade industrial que consome o produto cultura.
Para refletir
O que é cultura?
Existe cultura
boa ou ruim?
Uma pode ser
melhor do que a outra ou que muda é o gosto pessoal, o nível de informação e a
tradição de cada povo?
O que é
sociedade? Por que e como ela se segmenta?
O Funcionalismo
A Primeira Guerra Mundial dá início a um grande processo de industrialização e desenvolvimento tecnológico nos Estados Unidos, incluindo o campo da comunicação, que proporciona trocas culturais, estudadas pela sociologia funcionalista.
Na década de
1920 se dão as primeiras transmissões de rádio, sendo, em pouco tempo,
colocadas em atividade mais de 600 estações de rádios comerciais.
No período
entre guerras o funcionalismo intensifica seus estudos sobre a forma com que
determinados fenômenos sociais afetam o funcionamento, a adaptação e a
adequação normal de um sistema social.
Publicidade
A partir de 1919, a publicidade se converte em um fator econômico fundamental. A produção de bens em grande escala reduz os preços, mas a manutenção da demanda a longo prazo obriga a gerar mecanismos de identificação por meio da publicidade.
Comunicação Estratégica
A grande Depressão Econômica dos anos 1930, obriga ao presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt (1882-1945) a impulsionar uma reativação da sua política econômica e social. O plano era propor mais empregos e aumento aquisitivo para gerar maior consumo interno.
Reforçando a
imagem de “país em pleno crescimento”, e contando com a população que
acreditava nisso, cada vez mais pessoas foram apoiando sua política,
favorecendo o plano em ação.
A opinião
pública passa a ter papel fundamental. Para incentivá-la, são criadas
estratégias de comunicação originais.
Uma estratégia
publicitária e uma campanha eleitoral podem gerar, a curto prazo, modificações
na conduta dos cidadãos, conforme estudos funcionalistas mostravam.
Mass Communication Research
A corrente funcionalista aplicada à comunicação de massa, conhecida como Mass Communication Research, reúne um grupo de investigadores com o propósito de conhecer a influência dos meios de comunicação sobre os indivíduos e a sociedade.
Estuda a
comunicação de massas com os métodos das ciências experimentais (análise
empírica) empregados na sociologia americana.
Esta corrente
assemelha o funcionamento da sociedade a um organismo vivo: afirmam que a
sociedade é um organismo vivo, composto por partes independentes que se
influenciam mutuamente para manter o equilíbrio e buscar a harmonia em caso de
desequilíbrios.
Desta corrente
surgem expressões como “corpo social” e
“célula básica da sociedade”.
Estudos dos Efeitos
- Analisar
de maneira exaustiva os efeitos que se pretende alcançar;
- Conhecer
as características específicas dos receptores-consumidores;
- Estudar
o desenvolvimento de mensagens apropriadas para que cheguem ao público e
produzam os efeitos desejados
- Medir
resultados para retroalimentar o processo e melhorar as estratégias
FONTE: