Reflexões e Teorias da Comunicação
(Continuando - Parte III)
Propaganda – Papel decisivo
Harold Lasswell
(1902-1978), um dos primeiros – e principais – investigadores da Mass
Communication Research, afirma que durante a Primeira Guerra Mundial a
propaganda havia tomado um papel decisivo, tanto nas situações de conflito como
na moral dos exércitos. Em 1927 publica “Propaganda - técnicas no mundo da
guerra”.
Assim como
haviam percebido que a repetição das propagandas reforçava no consumidor a
ideia e o hábito do consumo, a repetição de determinadas palavras se mostrou
uma técnica eficiente na política. Por exemplo: usar repetidas vezes a palavra
“progresso” tornava o discurso mais influente.
A teoria de
Lasswell se tornou conhecida como “injeção
hipodérmica”, consistia de uma visão instrumental da comunicação e uma
confiança cega na onipotência dos meios.
Era
influenciada pela psicologia conducista, intenta analisar e conhecer os
estímulos que produzem determinadas respostas nos indivíduos. Defende o emprego
de procedimentos estritamente experimentais para estudar as condutas.
Como visto, a
comunicação parte de outras áreas, como antropologia, sociologia, psicologia e
vai além, chegando no campo da ficção, como provou Orson Welles.
Na noite de 30 de outubro de 1938, o ator e
diretor cinematográfico Orson Welles (de
Cidadão Kane), aterroriza milhões de americanos. Inspirado na novela de
ficção científica “A guerra dos mundos”, do filósofo e escritor inglês H. G.
Wells (1866-1946), o relato radiofônico de Welles conseguiu confundir a
população que, crendo que se tratava de um caso verídico, entrou em pânico.
Este caso
emblemático reafirma a concepção da influência onipotente dos meios de
comunicação de massa.
Teoria da comunicação no modelo de Lasswell
Lasswell publica, em 1948, o
artigo “Estrutura e função da comunicação na sociedade”.
Preocupado com as ameaças
políticas que podem alterar a ordem social (o fascismo, o comunismo, o protesto
social), estuda a eficácia na comunicação com o propósito de assegurar o
controle social.
Segundo sua teoria, a comunicação
cumpre 03 funções principais: A vigilância do entorno (levada a cabo pelos
agentes da segurança e suas ameaças); é posta em relação entre os setores da
sociedade (por parte do periodismo e dos líderes de opinião) e a transmissão da
herança social, por parte da escola e da família.
Funcionalismo Estrutural – Teoria de Merton
O Funcionalismo Comunicativo,
desenvolvido por Robert K. Merton (1910-1989), se conhece também como funcional
estrutural.
Segundo Merton, existe um certo
grau de adequação, ou estabilidade, entre as instituições e os valores de uma
sociedade.
Para fundamentar sua teoria, ele
se apoia na distinção entre funções e disfunções:
As funções são as condutas que
reforçam e asseguram o funcionamento e a estabilidade social.
As disfunções, ao contrário, as
alteram.
Exemplo: Campanha
#partiuteste (quantos aderiram? Quantos
tiveram alguma restrição em fazer o teste de AIDS no período de carnaval
2015?).
Merton ressalta, com insistência,
o conceito de equilíbrio. Define qualquer alteração da ordem social como uma
disfunção: circunstância potencialmente nociva para a ordem social.
Como outros sociólogos
funcionalistas, Merton vê nas mudanças sociais mais que uma possibilidade de
melhora, uma ameaça. Para Merton, com o mass media nasce uma nova era que
potencializa as possibilidades de organizar e regular o funcionamento social.
Segundo sua teoria, os meios de
difusão de massa teriam as seguintes funções:
Concedem
status hierárquico a pessoas e instituições que compartilham valores com o
público, e os dotam de poder de sugestão; Aglutinam
os gostos, as atitudes e os valores da multidão; Quanto
mais ativas são as mensagens, mais passivos se tornam os
receptores-consumidores; O
“líder de opinião” proporciona uma aparência de individualização em uma
sociedade massificada e unificada. Exemplo: queremos parecer únicos
(personalizados) e ao mesmo tempo precisamos nos sentir pertencentes e aceitos
por um grupo (identificação com iguais).
Teoria de Lazarsfeld
O sociólogo Paul Félix Lazarsfeld
(1901-1976), sustenta em “As eleições acabaram” (1948), que os meios de
comunicação e as campanhas eleitorais não influenciam diretamente sobre os
votantes. As pessoas tendem a votar no candidato que prevalece em seu grupo
social primário e não no qual aparece mais na mídia. Para Lazarsfeld, pessoas
votam influenciadas pelos seus grupos sociais (família, igreja, clube social),
o que o permite montar o seguinte esquema de influências:
- Meio de comunicação de massas - Fatores intermediários (Tendências existentes / Entorno) - Condutas
Para refletir
Segundo Klapper, a comunicação de massa não é causa única e
suficiente para determinar a influência, mas sim cooperam e reforçam tendências
existentes.