NEM SEMPRE A COMUNICABILIDADE
INDICA PRESTATIVIDADE
(COLETIVO - PARTE I)
Lapa, dia desses, 7h30 da manhã. Dei sinal, o ônibus parou, subiram nele comigo mais 3 ou 4 pessoas. Para cada uma delas o motorista deu um espontâneo “bom dia”.
O mesmo no ponto seguinte, e no outro, até que o ônibus ficou cheio, se parecendo com a famosa lata de sardinha. Comecei a entender que aquela saudação era o prelúdio de uma longa viagem que em nada se assemelhava ao meu conceito de um bom dia. Mas, lá estávamos nós, eu e mais tantas pessoas indo de um lado para o outro na cidade de São Paulo. É o drama do busão número 1.
Fora o entupimento humano, tudo ia bem até que o motorista pegou uma rua onde o fluxo é contínuo, apesar de muito estreita e cheia de curvas. Por algum motivo ele resolveu acelerar, primeira curva, segunda, ele não tomou conhecimento delas e foi embora na mesma velocidade aceitável numa reta sem obstáculos. Não era o caso, e como diria o poeta, havia uma pedra no meio do caminho; fora os buracos da via, os motoboys sempre com tanta pressa e destemor, um outro carro numa barbeiragem qualquer fez o motorista virar a direção com tudo jogando o veículo para um lado e em seguida para o outro.
Imagine você, poucos minutos antes a condução estava relativamente lotada, mas ainda suportável, foi enchendo de gente, ficando mais pesada e a cada curva me dava a sensação de que “agora vai virar” e virar neste caso seria tombar mesmo!
O homem que nos dava bom dia parecia ter se revelado o condutor do trem fantasma. O simpático e comunicativo motorista estava agora dando um exemplo clássico de que sem ser prestativo de fato, os outros atributos se perdem, não adianta muito. Com a vida salva, desci do ônibus e pensei: ser comunicativo pode não significar ser prestativo e isso não garante qualidade em nada!
Num minuto o motorista passou de herói a vilão. De que adianta ele nos dar bom dia se quase acaba com as nossas vidas na próxima curva? E a obrigação de fazer o seu serviço bem feito, onde fica? Por bem feito entenda-se com segurança e prudência, e se possível mantendo seu bom humor, que esse sim não faz mal a ninguém.
Entendo que algumas profissões não são nada fáceis, o nível de estress pode se alterar rapidamente, e que bom que aquele motorista começou o dia sorridente e felz. Espero que ele continue assim.
Entendo que algumas profissões não são nada fáceis, o nível de estress pode se alterar rapidamente, e que bom que aquele motorista começou o dia sorridente e felz. Espero que ele continue assim.
Mas, entre o bom humor do motorista, e o bom senso em dirigir com prudência, dispenso aquele tal bom dia... Resumindo: seja comunicativo o quanto quiser, mas seja ainda mais prestativo e garanta assim resultados com qualidade. É isso que as pessoas esperam. E salve um bom dia para todos!
TALITA GODOY
Maio/2010