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Choperia do Sesc Pompéia apresentou: Renato Teixeira, músico e compositor, parceiro de nomes como Almir Sater e Sérgio Reis, e com ele filhos e amigos
de uma vida toda na estrada. Músicas que falam de um céu estrelado no sertão,
ou das águas do Pantanal, silenciaram a plateia que até alguns segundos antes, estava em outro clima...
Quando
entraram no palco, cessou o murmúrio que não encobriam as reclamações daqueles
que gostariam de participar de um show como se deve, ou seja, com um mínimo de
conforto em sua acomodação. O espaço é bem bacana, o palco é amplo, e ao mesmo
tempo permite a aproximação do artista com o público, o local abriga o
restaurante do Sesc Pompéia, e em dias de eventos serve bebidas e petiscos,
tornando a experiência agradável e diferente, já que esta prática é incomum na
cidade. Contudo, as mesas e seus bancos são péssimos para momentos de
refeições: madeiras pesadas, rígidas, que não se consegue ajeitar por ser
larga, sempre para no mínimo duas pessoas, o que desacomoda o outro quando
alguém quer ocupar o espaço ao lado.
Em
dias de show todo o mobiliário é afastado do palco, sobrando a opção para o
público de ocupar o centro, em pé ou sentados, conforme o embalo da música ou
conforme o bom senso da plateia. Ontem, por exemplo, a faixa etária não
contribuía para uma ginástica dessas, que pessoas idosas (incluindo eu, rs!) se ajeitassem no chão frio
por duas horas assistindo a apresentação. Alguns colocaram os tais bancos
desajeitados nas laterais, acomodando pouca gente. Foi um incômodo ver tantas
pessoas ansiosas pelo artista e sua música, e ao mesmo tempo sacrificando seu
físico daquele jeito. Vou reclamar por eles, e o faço desde já neste espaço que
é da minha total democracia!
Mas...
voltando ao show, em se tratando de Renato Teixeira e suas músicas, ou de suas
parcerias, tudo valeu a pena! Ouvimos e cantamos com ele sobre a chalana, sou
caipira-pira-pira-pora, encosta tua cabecinha no meu ombro e chora; menino da
porteira, e, como o artista mesmo disse, e tivemos que rir com a “piada”, teve
o Rock sertanejo de Pena Branca e Xavantinho, histórias de Elis Regina (dois
dos seus músicos estavam na apresentação), e a canja de Chico Teixeira, filho
do artista que nos surpreendeu com duas lindas canções, uma “velha virgem” de
70 anos, que nunca tinha sido gravada antes (perdi o nome da nova canção), e uma tradução americana chamada “pai
e filho”, cuja performance emocionou a todos com a presença do pai Renato
apreciando no palco seus dois filhos. Foi lindo! A letra é emocionante e
acredito ter provocado algum sentimento especial em parte do público. Vou
procurar a letra para divulgar aqui.
Depois
disso, o que observei no público indo embora não foi expressão de dores ou
desconforto, mas de um sorriso aberto de quem cantarolava as irresistíveis
canções de Renato Teixeira, que nos fez sentir o poder que uma boa música tem
de nos arrebatar.
Deixo a letra da música "amizade sincera" - autoria de Renato Teixeira e Dominguinhos - outro momento inspirador do show:
Amizade sincera é um santo remédio
É natural da amizade o abraço, o aperto de mão, o sorriso
Por isso se for preciso
Conte comigo, amigo disponha
Lembre-se sempre que mesmo modesta
Minha casa será sempre sua, amigo,
Os verdadeiros amigos do peito, de fé
Os melhores amigos não trazem dentro da boca
Palavras fingidas ou falsas histórias
Sabem entender o silêncio
E manter a presença mesmo quando ausentes
Por isso mesmo apesar de tão raros
Não há nada melhor do que um grande amigo.
Talita Godoy
Nov/2012
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