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domingo, 6 de fevereiro de 2011

Realidade anos 60

 
Revista Realidade é relembrada
por sua relação com as
transformações socio-culturais
dos anos 60


     Nos anos 60, escritores norte-americanos se distanciaram de temas que passaram a interessar aos jornalistas. Estes se apossaram das técnicas da escrita ficcional literária criando o New Journalism. O novo estilo usava o Realismo para narrar histórias verídicas e originais. O Jornalismo Literário chegou ao Brasil com a criação da revista Realidade, lançada pela Editora Abril, em abril de 1966.

A nova publicação contou com o talento de repórteres que atuavam como autores capazes de transcrever a vida real de forma poética e única - especialmente quando o assunto era polêmico - focou personagens comuns que revelavam um Brasil desconhecido. Uma nova leitura que estabeleceu uma nova relação.

Martín-Barbero (1995) define os gêneros como estratagemas da comunicação, diretamente ligados aos movimentos sociais:
 
“O gênero é um estratagema da comunicação, completamente enraizado nas diferentes culturas, por isso, geralmente, não podemos entender o sentido dos gêneros senão em termos de sua relação com as transformações culturais na história com os movimentos sociais. Os gêneros têm muito a ver com os movimentos sociais” (MARTIN-BARBERO, 1995, p. 65).

Maia (1986) analisa a dificuldade deste pioneirismo em ser a primeira revista no país a tratar assuntos tabus: “logo na décima edição ficou claro que fazer jornalismo abordando temas de comportamento em 1966 era mais que um desafio, era um confronto com o conservadorismo da sociedade brasileira”.


E não agradou a todos, embora a revista tenha mudado a cara do Brasil, estabelecendo a “geração Realidade”, como conhecida nos anos 70. A autora avalia seus efeitos da seguinte forma: “O Brasil de 60 é irreconhecível hoje (anos 80), deu um salto em abertura intelectual, em abertura de informações” (MAIA, 1986). Com a chegada do AI-5 a revista teve que mudar seu formato e aos poucos se descaracterizou até deixar de ser o que era.

Por conta deste cenário político houve o interesse de outros autores em pesquisar sobre a revista Realidade, porém com outro foco:

“Ainda falta mostrar a influência da revista na mudança de costumes no Brasil, a mudança na maneira de fazer jornalismo, como tratava cada tipo de assunto e o estilo individual de seus repórteres” (MARÃO, 2010).

Como consta no site Memória Viva, o Brasil é um país sem memória. Este estudo científico vem reafirmar o valor da revista Realidade em sua contribuição para as mudanças sociais da sua época e do jornalismo literário como gênero que surgiu para também marcar transformações culturais.


Trata-se de uma rica página da história na imprensa nacional com poucos estudos científicos nesta linha. 


Como recomendação para estudos futuros se propõe uma análise comparativa entre a formação de opinião antes da internet, como na época da revista Realidade, e agora, sob a influência das redes sociais.

Referências Bibliográficas:


MAIA, Monica. Realidade – a que a censura destruiu. Revista de Comunicação. São Paulo, 18 de out. 1989. Disponível em < http://www.revcom.com.br/rc/rc0.asp > Acesso em 06/01/2011.

MARÃO, José Carlos. Por que falar de Realidade? Disponível em < http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=620AZL001>
Acesso em 28/12/2010.
 
MARTÍN-BARBERO, Jesús. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia. Rio de Janeiro: UFRJ, 2001.



Talita Godoy
Janeiro / 2011



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