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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Breve Lembrança do Amor Materno



   Certos fatos me chamam a atenção quando ativam algum circuito na memória e o simples ato de lembrar causa uma sensação especial. Ontem mesmo aconteceu comigo. Eu estava numa agência bancária, contando uma boa quantia de dinheiro que não era meu e logo seria devolvido ao dono. A pessoa que estava comigo, me ajudando nesta árdua tarefa, comentou: “bem que este dinheiro poderia ser seu”! Eu disse que sim, e imediatamente a cena me remeteu à última vez em que estive num banco, nesta mesma situação ... “foi para pagar o funeral da minha mãe, um ano e meio atrás”. Aquilo escapou sem a menor cerimônia, falei e pronto. Foi rápido, direto, não quis impressionar, apenas relatei um fato. Mas teve sua conseqüência.

O assunto perdurou por mais alguns minutos enquanto em palavras simples narrei os tais dois meses em que eu e minha mãe convivemos. Disse que ela foi muito feliz enquanto esteve sob meus cuidados, ela estava relativamente bem de saúde e veio a São Paulo para uma cirurgia nos olhos, para correção de uma catarata. Estava tudo bem quanto a isso. Dias depois ela passou mal do coração, teve um enfarto. Foi levada ao hospital especializado, mas não resistiu ao procedimento médico chamado Cateterismo, um exame semelhante a uma microcirurgia. Dois dias depois da internação, ela faleceu. Falei dela com muito carinho, alegria e gratidão a Deus por ter me presenteado com este tempo que foi tão válido ou até mais do que todo o meu anterior relacionamento com ela! Fechamos aquele tempo com chave de ouro...


Em resposta, a pessoa que estava comigo também me contou algo sobre sua convivência com sua mãe, e o quanto ela é importante para ele. Achei lindo ouvir aquilo! Senti um amor genuíno, uma ligação profunda entre eles. No fim deste nosso tão gostoso bate-papo, disse que ele estava certíssimo e deveria fazer com que ela soubesse disso, como uma forma de aproveitarem bem o tempo juntos em vida. Espero que nada interfira nesta relação perfeita! Já disse antes sobre o amor materno ser o primeiro amor da vida de qualquer ser humano, e em alguns casos o único e verdadeiro, portanto o seu valor é singular.


Quando cheguei em casa, fiquei pensando em tudo isso e reparando como esses dispositivos da memória mexem com o ser humano, provocando sensações diversas e intensas. Me senti vívida, feliz ao notar o quanto a vida vale a pena por momentos como este...

Foi um dia memorável...!


TALITA GODOY
24/08/2011


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