FILME: O ARTISTA
DIREÇÃO: Michel Hazanavicius
Elenco: Jean Dujardin, Bérénice Bejo, John Goodman, James Cromwell, Penelope Ann Miller, Missi Pyle, Beth Grant, Ed Lauter, Joel Murray, Bitsie Tulloch, Ken Davitian, Malcolm McDowell
Preto e branco, mudo. Falando em cinema, certamente estamos nos referindo a um típico filme dos anos 20 ou 30, no máximo. Mas engana-se quem imagina que O Artista foi produzido e publicado em outra época, senão em pleno século XXI, levando o ator francês Jean Dujardin a receber o Oscar como Melhor Ator, em 2012.
A história relata os dias de glória de um famoso ator de cinema, George Valentin, com seu charme, carisma e elegância, encantando as platéias que iam ao delírio com sua performance numa época em que não havia som, apenas imagem, no cinema. Ele conhece uma jovem dançarina, Peppy Miller, a quem admira e que logo alcança fama como atriz por seu talento nas telas. A diferença entre acreditar e não acreditar nos tempos atuais os afasta por um período.
Surgem os avanços tecnológicos e ele não se deixa envolver por esta nova era. Prefere apegar-se ao velho, esforçando-se para não deixar aquela fase antiga ser devorada pela novidade que trazia a fala para cinema. Num período de crise mundial causada pela quebra da Bolsa de Nova Iorque, em 1929, ele investe todas as suas posses na produção de um último filme, mas sem sucesso algum. O público agora quer o novo, quer o áudio, quer falas num diálogo em que as vozes dos atores complementam a sua atuação. Assim, ele acaba esquecido.
A linguagem cinematográfica mudou, pois a tecnologia foi capaz de revolucioná-la. O filme retrata a angústia que possivelmente uma geração de profissionais possa ter vivenciado naquela fase de ruptura com o estilo antigo. Mesmo sentimento que sempre perturbará a alguns diante de algo novo. E quem nunca se sentiu assim? Pergunta pertinente já que não podemos imaginar o que mais a tecnologia nos prepara para um futuro tão próximo em que seremos os novos idosos do pedaço. Dá medo sim, mas a exemplo do filme, temos que nos adaptar e seguir adiante. E como toda boa história, esta também traz como pano de fundo o despertar de um romance heróico.
Sem os tons coloridos ou as aventuras e grandes efeitos especiais ao qual já nos acostumamos, mas com uma simplicidade, riqueza de sentimentos e uma música interrompida apenas por alguns momentos de silêncio dramático, O Artista desafia ao mundo atual, nos fazendo relembrar - e para muitos conhecer - um período de revolução e impulso tecnológico, abrindo passagem para novos tempos. E este desafio poderia desagradar ao público atual, mas felizmente nos encantou por sua história, considerada uma homenagem aos cinema dos anos 20.
Sem os tons coloridos ou as aventuras e grandes efeitos especiais ao qual já nos acostumamos, mas com uma simplicidade, riqueza de sentimentos e uma música interrompida apenas por alguns momentos de silêncio dramático, O Artista desafia ao mundo atual, nos fazendo relembrar - e para muitos conhecer - um período de revolução e impulso tecnológico, abrindo passagem para novos tempos. E este desafio poderia desagradar ao público atual, mas felizmente nos encantou por sua história, considerada uma homenagem aos cinema dos anos 20.
Vale ressaltar que não apenas o ator principal mereceu o Oscar, mas seu fiel companheiro Uggie, cão da raça Juck Russell Terrier. Ele dá um show de interpretação, fazendo a platéia se comover e curtir o filme com boas risadas. Uggy recebeu em Hollywood o primeiro Golden Collar, ou coleira de ouro– versão canina do prêmio de melhor cão ator. Justo!
TALITA GODOY - MARÇO 2012