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domingo, 25 de março de 2012

TEATRO - Identidade

PEÇA TEATRAL: IDENTIDADE
AUTOR, DIRETOR E INTÉRPRETE: VINÌCIUS PIEDADE

Quem nunca sofreu as consequências por trabalhar demais, ter muitas pressões e responsabilidades, que se cuide. Esta peça trata de uma típica situação limite, causada por uma aguda crise de Stafa. Muito trabalho pode levar uma pessoa a ter picos de amnésia, atitudes não características, momentos em que o indivíduo venha a se sentir como Rogério, personagem interpretado pelo ator, diretor e autor do monólogo Identidade, Vinícius Piedade.  Ele se percebe totalmente perdido, esquecido de tudo, inclusive de quem ele é.

Aos poucos o personagem se esforça para recuperar a memória, e traz algumas informações do presente como do passado. Da época atual ele se lembra de trabalhar com publicidade, estava no meio de uma grande campanha de sabão em pó. Ele é bem sucedido, já recebeu diversos prêmios, tem uma vida social estável com mulher e filha pequena além de bom relacionamento com os pais.
O divertido da história é a fase passada na sua adolescência. Por algum motivo ele traz à memória cinco amigos com nomes ou apelidos esquisitos, mas típicos da idade, como coxinha, batata ou espeto. Um fato que deve tê-lo marcado dá margem para a boa parte do enredo: na ocasião da morte de um tio querido de um dos seus amigos, outro deles dá uma ideia para espantar o baixo astral. Ele propõe uma ida ao bordel. Com ares de machos experientes no assunto, cada um deles inventa uma desculpa e acabam não realizando o desejo naquela noite. Mas ficou a lembrança no baú de memórias de Rogério, e no momento em que ele mais precisa revirar este passado para reativar o seu presente, é naquele fato que ele pensa. Um labirinto dentro da sua mente.
Mas seria algo real ou imaginário? Para ter certeza disso, o personagem narra sua procura pelos cinco amigos, e nos conta a reação de cada um, depois de 20 anos de ausência presencial ou mesmo de notícias. Bem ou mal, cada um deles o recebe e assim descobrimos quem é Rogério de Melo.

O interessante desse roteiro é que seu início é preocupante, não nos dá uma perspectiva de um momento prazeroso, mas aos poucos o ator nos prende a atenção por usar sua criatividade, virando a mesa ao colocar sua adolescência em cena, confrontando a si mesmo no reencontro do passado com o presente. Passou a ser divertido. Além de recuperar a sua identidade, o ator recuperou a apreciação do público.
Apenas não saí de lá satisfeita por um detalhe. Ele usou o termo “dissimulado” numa ocasião em que me pareceu mais adequado o uso do termo “simulado”.
Questão de verificação, pois uma significa o posto da outra. Enquanto simular significa dar a entender que se tem ou se é aquilo que não se tem ou não se é, dissimular é o oposto, significa demonstrar não ter algo que se tem, não ser algo que se é. Se houver uma oportunidade de rever o ator ou ler o seu texto vou me lembrar desta questão para me certificar desta dúvida que incomodou, ou com a qual não me identifiquei.  Mas RECOMENDO!



ONDE: No SESC Consolação - Rua Dr Vila Nova, 245
QUANDO: Até 13 de Abril


TALITA GODOY - MARÇO / 2012

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