O que é, o que é...
Usamos o tempo todo até mesmo em pensamento?
Abra-Cadabra: Lavra-Palavra!
Elas servem para muita brincadeira. Foi o que aconteceu em “As palavras e o mundo”, exposição que reuniu no SESC Pompéia formas e cores para mostrar o quanto as palavras representam. Era para criança, mas não pense você que só a garotada aproveitou para aprender e se divertir, presenciei muito marmanjo ocupando o espaço dos pequenos aprendizes. Pecado perfeitamente perdoável considerando-se que o lugar estava muito atraente aos olhos e a todos os demais sentidos!
Olhar é pouco, o gostoso é tocar, xeretar, virar as páginas que às vezes são tábuas, pisar nas palavras espalhadas pelo chão, ou chegar bem pertinho da cama do leão, também chamada de “Camaleão”... Melhor ainda se ele perceber que tem criança por perto e rugir recebendo em troca pulos para trás e gritos apavorados! O Jefferson, que trabalhava na exposição, fazia o papel de atrair as criancinhas para o susto! Eu olhei pra ele e disse: quanta maldade... Ele apenas riu e abaixou a cabeça esboçando ingenuidade num gesto nada convincente!
Um cenário lúdico num espaço que inspira tranqüilidade – combinação perfeita. Quem conhece o local sabe que tem um quase jardim de inverno, com um lago feito com pedras ao fundo. Ele é raso mas é extenso, cheio de curvas, muito bonito aos olhos e agradável aos ouvidos pois tem movimento e faz barulhinho de correnteza, só de lembrar já me sinto bem. Gosto muito daquele lugar, e com uma exposição dessas, então, fica ainda melhor!
As crianças se divertiam muito na pesca de palavras e na lousa gigante que cabia o verso ou o desenho de todas elas. Tinha também um espaço para contação de histórias, onde ouvimos o ator João Acaiabe narrando “Menina Bonita do laço de fita”. E pra quem gosta de cinema, havia uma sala escura com palavras animadas que viraram desenho.
Entre tantas brincadeiras o que mais me chamou a atenção foi uma área reservada ao papel e a caneta. Isso mesmo! Havia uma parede cheia de tijolos ocos com papéis e caneta para que o visitante escrevesse o que quisesse e depois encaixasse o seu recado num dos buracos do “Muro das Escrevinhações”. Além disso, havia uma estante com muitos cartões postais. Se você soubesse o endereço de um amigo e quisesse mandar uma surpresa pra ele, bastava preencher os dados informativos, escrever a mensagem e depositar na caixa de correio instalada ali no canto!
Na maior parte da minha visita estive sozinha, mas liguei pro meu amigo Edu e ele foi até lá com o Babu, aquele outro amigo nosso citado anteriormente em algum texto deste blog. Aproveitei a ocasião, pedi o CEP da casa do Babu, e muitíssimo discretamente peguei o cartão, a caneta, sentei do lado dele e escrevi assim:
"Babu: Faltava Teatro na minha vida, chegou você e resolveu o problema! Obrigada por melhorar os meus dias...” O Eduardo aproveitou o cartão e escreveu algumas bobagens, imagino eu. A esta altura a correspondência já deve ter chegado! Aposto que ele nem suspeita de nada...
Cada atividade, em toda a exposição, faz o visitante pensar um pouco na importância do sentido das palavras, na letra escrita com o papel na mão, caneta entre os dedos, no gesto e na intimidade que se pode ter com um texto mesmo sem tecnologia de última geração. Não dependemos disso para nos comunicar. Basta abrir o coração e copiar as palavras que ele disser!
Para quem ainda se lembra dos buracos no muro, meu bilhete dizia o seguinte: “Deixei de guardar as minhas palavras só para mim, pois descobri que compartilhar é uma dádiva”.
Exposição “As palavras e o mundo” - até 17/08/2010
SESC Pompéia – Rua Clélia, 93 Lapa / SP
Grátis!
Saiba mais em: http://www.sescsp.org.br/
Talita Godoy
27/07/2010
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