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terça-feira, 17 de agosto de 2010

Uma exceção



O amor faz este milagre acontecer

 
Quase passei mal. Pensei que fosse um mal estar normal, daqueles que simplesmente acontecem. Mas como tem algo incomodando a minha mente, só posso acreditar que a causa seja essa. Nada tão chocante pelo fato em si, mas que revelou a minha fraqueza humana.

Eu soube que a mãe de um conhecido, que nem é meu colega, faleceu há uns 15 dias. Quis dizer alguma coisa, mas não consegui, não saiu uma só palavra da minha boca. Travei e não foi por falta do que dizer. Muito pelo contrário, meu coração estava cheio de informações! O que eu deveria ter dito a ele era muito simples até. Sinto muito! A dor de perder uma mãe é massacrante, parece que espreme a gente até a pessoa se sentir moída por dentro. Há quem sinta que perdeu o chão, e nos dias seguintes, não se sabe o que fazer, o que pensar, pra que lado ir. Antes era só correr pro colo da mãe, mas a partir de agora ela foi tirada do mundo, a morte fez do filho um órfão. Chegada a hora, a vida se acaba. Mas pra quem fica, a pergunta é: e agora, "como" fica?

Alguém experiente me contou que com o tempo a pessoa aprende a conviver assim, driblando as emoções na medida do possível, mas alertou que tudo no “primeiro” dói mesmo: o primeiro aniversário, o primeiro Natal, o primeiro dia das mães, tudo sem ela pra sempre, fica muito mais difícil. Mas depois a gente aprende a controlar, se conforma, aceita que o ciclo da vida é assim mesmo.

Uma outra pessoa me disse que não há melhor consolo do que o de Deus. Ai de quem não acredita no poder que há nele! Mesmo doendo, mesmo sofrendo, vem de Deus uma força incrível que consola. E no lugar da dor, vem uma lembrança doce, calma, alegre, que transforma a dor em alegria. O amor faz este milagre!

Era isso que deveria ter falado. De certo eu me calei como muitos amigos que preferem pular essa parte. Fizeram isso comigo também. Depois alguns me explicaram que não levam jeito para lidar com o luto ou ficaram sem graça na hora, enfim, nem liguei pra isso. O importante é compreender e respeitar. Quem ainda tem mãe não sabe como é, e talvez nem possa imaginar. Mas eu posso, por isso hoje passei mal. Não importa que eu mal o conheça, podia ajudar e não tive reação alguma. Espero que os amigos dele tenham agido de maneira diferente, se bem que alguns vão se calar; e uma ajuda virá de onde menos se espera. Eu queria ter sido essa ajuda surpresa! Agora só me resta orar por ele, para que Deus o console por mais um dia.

Aproveito o momento para avisar que pelos próximos quatro meses, de setembro a dezembro, certamente vou me emocionar mais algumas vezes, até fechar o ciclo do primeiro “tudo”. Depois não será mais novidade, é só aprender a administrar e saber lidar com os sentimentos. Espero ficar forte logo, a ponto de superar em breve minha tal fraqueza humana. O amor tem feito este milagre por mim! Se estou melhor? Ainda não, só depois de dizer tudo isso a ele, e então deletar este texto, publicado aqui por uma exceção.


Talita Godoy
17/08/2010
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