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sexta-feira, 17 de junho de 2016

Blog ANO VI - Parte IV (22/08/2010)


FOMENTO DA CULTURA E DA EDUCAÇÃO POR MEIO DA LEITURA



Era gente indo e vindo, fazendo fila no carrinho de sorvete ou no churrasquinho, já tão tradicional em São Paulo. Fila pra pegar o ônibus de graça, fila de carros andando lentamente, mas todos, um a um, cumprindo a missão do dia: assistir a uma parida de futebol. Bem que parecia, mas não era isso, não. O povo estava indo visitar a Bienal do Livro!

Correria toda para comprar algum exemplar de lançamento? Pegar autógrafo de algum autor? Poderia ser também para participar de uma das tantas palestras, mesas de bate-papo ao vivo, encontros de educadores, escritores, blogueiros e tuiteiros, ou contações de histórias com marionetes ou atores reais.

Teve quem visse pela primeira vez algo que era coisa do futuro, mas já está nas bancas: o livro digital... Eu morria de medo disso, mas confesso que gostei muito da novidade! Fisicamente ele parece um MP4 do tamanho de um livro médio; as funções são praticamente as mesmas, ao invés de acessar música o leitor acessa o livro, página por página com seus textos e ilustrações. Ele grifa quando quiser, faz anotações, marca onde parou a leitura etc. Porém, não dá para dobrar a orelha, não dá para folhear, não dá para... evitar sua chegada e que os novos leitores o prefiram numa geração bem próxima.

Quem me mostrou o Cool-er (cool, algo legal em inglês, junto com ler em português, ou uma leitura legal, originou o nome daquele tipo de periférico que eu vi na feira) foi o Daniel, um funcionário da empresa Itapemirim, que atua num projeto que transformou o ônibus em uma Biblioteca Móvel. Ele viaja por todo o país e fica em média 03 semanas em cada cidade.

O bacana, segundo ele, é que a pessoa não entra ali para ler um livro inteiro, mas para se aproximar do livro, conhecer a variedade, geralmente perguntam sobre a Biblioteca local e dizem que vão passar a freqüentar, pois adoram livros! Então por que não lêem?! Hábito, minha gente, tudo é questão de hábito.

E ainda sobre os livros digitais, perguntei ao Daniel se a novidade está agradando, ele disse que sim, mas que as pessoas olham, até acham interessante, mas preferem ainda o livro tradicional. As crianças familiarizadas com as novas tecnologias se divertem mesmo com o livro impresso. Ufa, no fundo me deu um certo alívio ouvir isso!

E adianta discutir o assunto? Talvez o mais importante seja a leitura em si; em papel impresso ou em meio virtual, o conteúdo estará presente e isso é fato. O “como” sinceramente não me incomoda. Assim como não me incomoda mais pensar nas tecnologias que terei dificuldade em acessar no futuro, pois nesta feira eu percebi que elas já existem e é delas que eu tenho que correr atrás.

Tem tanto recurso disponível, que mal aceito um e já vem outro! Mal descubro e passo a conhecer um, e lá vem o próximo. Ou a pessoa pira de vez ou ela busca se informar, observa o cara do lado que entende do assunto, pergunta, conversa, pesquisa e assim vai.

Fazemos parte de uma geração que teve o privilégio de ver um grande salto na tecnologia e nas relações interpessoais. Sim, pois não apenas muda o meio como a comunicação se dá, mas a forma como nos comportamos e nos expressamos por meio deles. Há quem seja totalmente equipado com a mais alta tecnologia sem ter o que dizer ao outro! Como ainda há o que deseja gritar aos quatro ventos mas ainda não achou a ferramenta certa pra isso.

E assim vamos nos adaptando para uma nova era cultural. E já prevendo que ela logo poderá mudar de novo. Espero que não mude o hábito de ler, falar e ouvir, olhar nos olhos, quem sabe até melhore a observação sobre o que diz o brilho nos olhos do outro! E que cada um saiba o momento de se retirar, ficar quieto, isolado, refletindo, buscando coisas diferentes, e saiba também a hora de dar um off na máquina e voltar a se relacionar com pessoas ao vivo.

Foi o que fizeram aquelas milhares de pessoas formadoras da grande muvuca em frente ao Anhembi, no penúltimo dia da feira do Livro em São Paulo. Fico feliz em ver com isso o fomento da cultura, da leitura, da educação, a busca pelo novo, o encontro de pessoas que me fazem acreditar num país melhor.

Só a educação salva!

Termino com uma provocação a você, que preferiu ficar em casa e ler um Blog: tem idéia do evento monstro que você perdeu???






Talita Godoy
22/08/2010