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sexta-feira, 17 de junho de 2016

Blog ANO VI - Parte III (22/10/2010)


ENTRE ISOLAMENTOS E APROXIMAÇÕES, NOVAS TECNOLOGIAS CONTINUAM TRANSFORMANDO
SENTIMENTOS E RELACIONAMENTOS. OU NÃO?!


Pelo que entendi, parece que é assim: sempre que surge um novo meio de comunicação fica a dúvida se ele vai derrubar o outro, anterior a ele.

Um exemplo foi quando surgiu a televisão, que existe há mais de cinqüenta anos. Naquela época a pergunta que tanto incomodava era se a TV seria capaz de acabar com o rádio. Não acabou, mas de certa forma se apropriou dele. Depois veio a internet, que por sua vez de certa forma se apropriou do rádio, da TV e talvez do livro impresso.

Uma imagem interessante do passado, era a família reunida assistindo a programação do horário nobre na televisão. Todos em silêncio, prestando atenção nela. O que antes era uma reunião familiar, com todos conversando, agora era uma reunião familiar silenciosa, mas ainda juntos.

Atualmente, cada um fica diante do seu próprio computador, geralmente sozinho, fechado no quarto, seja ouvindo música, olhando vídeos, pesquisando, escrevendo, cada um na sua. Mesmo na busca por companhia, nas salas de bate-papo, não dá pra saber quem é verdadeiro e quem é falso. A relação ali é puramente virtual.

Mas não é de todo ruim. Com as redes sociais, foi possível reencontrar pessoas queridas, algumas até mesmo esquecidas, outras que estão do outro lado do país ou do mundo, vivendo em outro mundo. Alguns arrumaram amores, amigos, esclareceram fatos do passado, colocaram a vida em dia. Encontraram comunidades de pessoas que pensam o mesmo que elas, que curtem as mesmas coisas, que são diferentes sendo iguais ou que são iguais, mesmo sendo tão diferentes! Poder de aproximação.

Insisto que às vezes é muito bom se isolar para fazer buscas, pesquisar, ler, sem querer encontrar algo interessante que leva a outra descoberta, e assim a gente percebe que faz parte de um mundo incrível, cheio de possibilidades. Mas como tudo na vida, internet também tem a dose certa, que cada um precisa saber medir e usar.

Há um excesso nas novas gerações que os tornam pessoas com a cara metida no digital o tempo todo, seja nos games, nas redes sociais, mas o que parece é que elas se esquecem que aqui fora existem pessoas esperando por elas, que querem ou precisam se relacionar com elas. Esses internautas exagerados deixam de movimentar os músculos, não ligam para mais nada além daquilo que estiver dentro da máquina, são muito isolados, alienados.

O lado bom é que alguns se desenvolvem bem sozinhos, aprendem a fazer escolhas, administram o seu tempo na rede, imprimem em tudo o que fazem uma certa dose de personalização, acompanham bem as novas mídias, curtem tecnologia e fazem um uso positivo a seu favor sem deixar que as tecnologias o dominem. Talvez sejam essas as mentes que vão preparar as tecnologias do futuro.

Agora pense comigo: os meios de comunicação mudaram também a nossa forma de sentir a vida? Estamos programados para novas emoções criadas a partir dos meios digitais? Nossos relacionamentos mudaram e não percebemos isso? Continua tudo igual nesta área? O que mudou foi apenas o modelo comunicativo ou o nosso cérebro hoje processa os sentimentos de outra forma? A interatividade é instantânea, dá tempo de sentir, processar e reagir tão rapidamente assim?

Já viu a força que tem um “post” no Orkut, no twitter, no blog? Imagine o problema que dá uma informação errada! E que reação ela pode causar? Entra em cena a questão da transparência e até mesmo da humildade.

Conheci uma jornalista na Bienal do livro, a Vani, com quem falei alguns minutos sobre isso, ela me contou que uma pessoa escreveu um palavrão na rede e ela reclamou pelo nível da linguagem. No mesmo instante a pessoa se desculpou publicamente, concordamos que o gesto foi nobre, ela poderia apenas ter deletado o palavrão!

O assunto surgiu durante um bate-papo ao vivo num dos estandes da Bienal do Livro em São Paulo. Era um encontro de tuiteiros que reuniu dois secretários da Educação (SP e RJ) e o diretor de um espaço cultural em São Paulo (Casa das Rosas).

A secretária do Rio, Cláudia, relatou que uma vez escreveu no twitter uma palavra com erro de ortografia. Gentilmente uma outra pessoa que leu postou na mesma hora a correção; a secretária se desculpou e agradeceu. O fato gerou uma matéria num dos grandes jornais do Estado do Rio de Janeiro comentando que errar é algo que acontece até com os educadores, e que aceitar e corrigir não é demérito algum. Não anotei as palavras exatas, mas a idéia foi bem essa, deixar o ego de lado e ser humilde, interagir de forma positiva e imediata aos fatos.

É o que entendo por relacionamento digital. Exposição para buscar e ser buscado, achar e ser achado, criticar e ser criticado, ensinar e aprender. A vida é assim, com seu lado bom e mal, vamos conduzindo da melhor maneira possível.

O que não vale a pena é entrar em intermináveis discussões na tentativa de prever o futuro, o que será que será... mas não pude resistir à provação feita, também na Bienal, em uma das palestras que assisti, de onde me vieram todas essas reflexões. O professor de comunicação da ECA/USP, Massimo de Felicce, disse que se hoje a internet deixa cada um isolado no seu computador pessoal, em pouco tempo será a vez dos telefones móveis deixarem as pessoas ainda mais ligadas o tempo todo em suas redes sociais. O cérebro já está se adaptando a esta nova maneira de se comunicar e deverá em breve criar novas conexões para uma diferente linguagem com diferentes informações? A tal provocação é: a sociedade está pronta para isso? Já somos nativos digitais?

Não existe ainda muita diferença social em nosso país com tantos analfabetos digitais, pessoa sem o devido acesso mínimo para viver num mundo assim, tão hi-tec? Eu mesma sei quanto sobre isso? Vou me isolar mais ou vou me conectar mais?

Contudo, uma coisa é divertida de se imaginar: que no futuro os velhinhos estarão todos na rede, com seu celular móvel, fazendo contato social, ou mesmo de trabalho ainda, trocando informações de todos os gêneros, marcando encontros, bailes, viagens, curtindo muito a vida ao vivo, por causa da internet.

Ops, será que isso já está acontecendo enquanto eu continuo a empregar meu precioso tempo aqui pensando??? Com licença eu vou à luta!


OBS: Os vídeos da Bienal estão no Youtub. É possível localizá-los como bienaldolivrosp. Segue um deles no post anterior (por incompetencia da minha parte não consegui baixar diretamente aqui! rs Sorry!).




Talita Godoy
22/10/2010

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Blog ANO VI - Parte II (05/09/2010)


Convite a ouvir o silêncio (CALLATE!)



Feriado é uma delícia para quem mora em São Paulo, numa rua movimentada. A primeira coisa que noto é o silêncio que reina. E naquele fim de semana prolongado, aproveitei para ler, revi alguns estudos que fiz, um deles: o equilíbrio entre falar e ouvir. Faço um convite a esta breve reflexão.

Um dos primeiros segredos da comunicação é saber escutar. Ouvir o outro proporciona a descoberta daquilo que ele pensa, o que sente, seus desejos, seus valores, permite identificar qual é a sua linguagem. Não adianta falar japonês com quem só entende português, mas às vezes é o que fazemos! A fala expressa idéia, pensamentos, sendo preciso que se faça um silêncio interior para que eles se formem, possam amadurecer, sofram mudanças, melhorem.

Ao se observar duas pessoas envolvidas numa calorosa discussão sobre certo assunto, é possível notar que a reação de um é armar-se com palavras que serão usadas primeiramente para se defender, depois para atacar, enquanto o outro busca em seu repertório palavras para retrucar, rejeitar, e tudo isso sem o menor intervalo entre as falas. Depois que percebi isso achei tão estranho – para não dizer feio - que até parei de discutir!

Num diálogo assim falta a pausa que dá o tempo necessário para uma leve reflexão, análise da informação recebida para verificação e assimilação das idéias apresentadas pelo outro. Com a propriedade de quem pensou antes de interagir é possível chegar a resultados eficientes e relevantes dentro de um processo de comunicação.

Saber ouvir é uma das técnicas de comunicação mais desafiantes e das mais ignoradas. A eficiência da comunicação é melhorada ou dificultada conforme a capacidade que se tem para ouvir: por este simples ato se pode detectar a idéia central; controlar as emoções; avaliar a mensagem recebida. E automaticamente é possível ouvir a si mesmo em conversas internas - a própria compreensão se expande. Vale a pena arranjar tempo para isso ou não vale?

Por outro lado algumas pessoas se retraem para falar por pensarem que ninguém as ouvirá, que falar seria um desperdício de tempo e energia. Este se sente desrespeitado, invisível. Ouvir é um ato de respeito e de valorização. Não ouvir o outro dificulta o exercício de ouvir a si mesmo. Julgamentos e preconceitos também impedem um indivíduo de ouvir o outro, mas ouvir sem resistência desperta a atenção e facilita a reflexão. Ouvir o outro, ouvir o silêncio, ouvir a si mesmo.

E refletir é devolver uma imagem, pensar cuidadosamente e criar condições para a comunicação se estabelecer de maneira eficaz. Um bom exercício para se aprender a ouvir é analisar qual é o seu relacionamento pessoal com o silêncio, perceber quando ele é confortável ou desconfortável e o que o torna assim. Reflexões deste tipo podem trazer um novo valor ao ato de ouvir. O silêncio se escuta. Callate!




              


Foto: Paz em Louiswille Lake Tx - EUA


Talita Godoy
05/09/2010

Blog ANO VI - Parte I (24/08/2010)


“Já fomos perfeitos um dia: no momento em que saímos do ventre...”


Hoje eu vi O homem com a bala na mão. Ele pensava em suicídio, mas antes de cometer um crime contra si mesmo, ele queria muito falar. Falar e nos fazer pensar. Ele abriu a porta da sua casa, nos convidou a entrar no seu quarto. Sentados ali, diante dele, presenciamos um homem com um pouco mais de 30 anos, desabafando seus ressentimentos.

Ele contou aos presentes algo sobre a vida e a morte do seu pai, que abandonado pela mulher criou o filho por alguns anos, mas acabou com a sua própria vida ali mesmo onde estávamos. Sentado na janela, deu um tiro na cabeça.

Também ouvimos a história da vizinha que andava nua pela casa com a janela aberta, até fechá-la, deixando ele louco de desejo por ela. E na mesma janela, este homem viu um outro, que, sentado com os pés para fora, abriu os braços e se deixou levar, sem um grito, sem uma palavra, apenas inclinando seu corpo para a frente, e num piscar de olhos a vida se foi. Antes disso o que houve?

Quantos pedidos de socorro essas pessoas deram até o crime final? Ninguém os ouviu? Alguém fez que não viu?

Notei que algumas pessoas saíram do espetáculo meio baixo astral, reflexivas demais. Eram pessoas que tiveram amigos ou conhecidos que chegaram ao seu limite e apertaram o gatilho. E pelo que conversamos sobre o assunto, a sensação que fica é essa mesma, de peso, de uma certa parcela de culpa por não ter reagido quando era possível fazer alguma coisa. Um abraço talvez, mudasse a questão. Estamos disponíveis pra isso? Quem quer se envolver?

De quem é a responsabilidade quando se dá as costas para alguém que precisa desesperadamente de um pouco de atenção?



O ator  e autor do monólogo, Paulinho Faria, foi audacioso na escolha do tema.  De fato, é fácil desprezar ou agir preconceituosamente com quem precisa de ajuda; em geral ou julgamos, ou fugimos do assunto.

É desagradável, assumo, não quero nem pensar em coisas do gênero. Mas às vezes vale a pena levar um tranco desses. A linda música que tocou no final do espetáculo, foi composta por um garoto muito talentoso que recebeu na internet apoio, numa dessas comunidades de apologia ao suicídio, para se matar. E ele o fez!

No início do espetáculo o ator colocou no chão, num canto estratégico, um papel dobrado, e nos disse que era uma carta para ser lida quando ele se fosse. Quando tudo acabou, alguém pegou o papel do chão, e lá estava o relato deste caso, um entre tantos milhares que desprezamos.

O tempo todo o movimento e o tom da luz avermelhada, o sutil som da goteira e do tic-tac interminável, despertavam no público tensas sensações. Que incômodo! Paulinho Faria estava tão entregue quanto envolvente. Eu diria que foi desagradável, e por isso mesmo um grande espetáculo!

Meu coração demorou uns 20 minutos para desacelerar! Amei a sensação... Isso porque além da atuação do intérprete, o texto  aborda questões que mexem com o espectador: o silêncio, o tempo, o momento, o estado da felicidade, e a morte como sendo o fim ou o começo de algo novo. Ele assusta e ao mesmo tempo sensibiliza com as reações flutuantes do seu personagem, que despeja sobre o público o que pensa, o que sente. 

E para complicar um pouco mais, propõe ao público que tudo aquilo não passe de uma grande mentira, que ele possa estar brincando conosco assim como nós brincamos com ele ou com outras pessoas o tempo todo. É sério! Saí de lá pensando: que tipo de trocas andamos fazendo hoje?


Sabe aquele cara estranho, que vive trancado no seu canto? Ele pode estar com a bala na mão. Se você perceber, por favor, não o despreze, talvez um gesto simples, como um abraço, possa ajudar.


OBS:
A apresentação única aconteceu em 24 de agosto, com a casa cheia - foi um sucesso!
Tinha gente sentada até no cantinho da escada. Acho que alguns não compreenderam, outros ficaram chocados, era espetáculo ou não era? Ele se matou ou não? Se houver uma segunda chance, eu aviso para você mesmo testemunhar os fatos.

Parabéns ao grande ator e agora autor, Paulinho Faria!!!


Talita Godoy
24/08/2010

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Blog - ANO VI


Aniversário do Blog


Maio passou, e com ele mais um aniversário do Blog! Fico feliz e honrada com a os mais de 30 mil acessos, mesmo sem divulgação. Escrevo simplesmente porque gosto e porque compartilhar é uma dádiva. Mas como sou da moda antiga e meio tímida, deixo para as nuvens e os ventos carregarem meus textos por aí. Quem sabe um dia eu me modernize e passe a usar redes sociais também para isso, não seria uma boa?! 

Diferentemente dos anos anteriores, em que eu republicava apenas um texto favorito, dessa vez resolvi comemorar mais uma temporada de Bog com a publicação de seis deles, 4 publicados pelo amigo jornalista Guilherme Azevedo, do portal Jornalirismo, em 2010, e 2 em homenagem ao amigo, grande profissional das artes em geral, Paulinho Faria - ator, diretor, escritor e professor de Jiu-Jitsu, sendo o primeiro deles referente ao grupo de teatro Os Satyros. 

Aos antigos leitores, bom para recordar, aos novos, bom para conhecer meus tempos de afinco, boa combinação entre tempo e suave inspiração para produzir. Pois bem, que venham mais!!!







Com carinho,

Talita Godoy
Maio/2016



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terça-feira, 26 de abril de 2016

Reflexões e Teorias da Comunicação - Parte III



Reflexões e Teorias da Comunicação
(Continuando - Parte III)




Propaganda – Papel decisivo

Harold Lasswell (1902-1978), um dos primeiros – e principais – investigadores da Mass Communication Research, afirma que durante a Primeira Guerra Mundial a propaganda havia tomado um papel decisivo, tanto nas situações de conflito como na moral dos exércitos. Em 1927 publica “Propaganda - técnicas no mundo da guerra”.
Assim como haviam percebido que a repetição das propagandas reforçava no consumidor a ideia e o hábito do consumo, a repetição de determinadas palavras se mostrou uma técnica eficiente na política. Por exemplo: usar repetidas vezes a palavra “progresso” tornava o discurso mais influente.

A teoria de Lasswell se tornou conhecida como “injeção hipodérmica”, consistia de uma visão instrumental da comunicação e uma confiança cega na onipotência dos meios.
Era influenciada pela psicologia conducista, intenta analisar e conhecer os estímulos que produzem determinadas respostas nos indivíduos. Defende o emprego de procedimentos estritamente experimentais para estudar as condutas.
Como visto, a comunicação parte de outras áreas, como antropologia, sociologia, psicologia e vai além, chegando no campo da ficção, como provou Orson Welles.

Na noite de 30 de outubro de 1938, o ator e diretor cinematográfico Orson Welles (de Cidadão Kane), aterroriza milhões de americanos. Inspirado na novela de ficção científica “A guerra dos mundos”, do filósofo e escritor inglês H. G. Wells (1866-1946), o relato radiofônico de Welles conseguiu confundir a população que, crendo que se tratava de um caso verídico, entrou em pânico.
Este caso emblemático reafirma a concepção da influência onipotente dos meios de comunicação de massa.








Teoria da comunicação no modelo de Lasswell

Lasswell publica, em 1948, o artigo “Estrutura e função da comunicação na sociedade”.
Preocupado com as ameaças políticas que podem alterar a ordem social (o fascismo, o comunismo, o protesto social), estuda a eficácia na comunicação com o propósito de assegurar o controle social.
Segundo sua teoria, a comunicação cumpre 03 funções principais: A vigilância do entorno (levada a cabo pelos agentes da segurança e suas ameaças); é posta em relação entre os setores da sociedade (por parte do periodismo e dos líderes de opinião) e a transmissão da herança social, por parte da escola e da família.

Funcionalismo Estrutural – Teoria de Merton

O Funcionalismo Comunicativo, desenvolvido por Robert K. Merton (1910-1989), se conhece também como funcional estrutural.
Segundo Merton, existe um certo grau de adequação, ou estabilidade, entre as instituições e os valores de uma sociedade.

Para fundamentar sua teoria, ele se apoia na distinção entre funções e disfunções:

As funções são as condutas que reforçam e asseguram o funcionamento e a estabilidade social.

As disfunções, ao contrário, as alteram.

Exemplo: Campanha #partiuteste  (quantos aderiram? Quantos tiveram alguma restrição em fazer o teste de AIDS no período de carnaval 2015?).

Merton ressalta, com insistência, o conceito de equilíbrio. Define qualquer alteração da ordem social como uma disfunção: circunstância potencialmente nociva para a ordem social.

Como outros sociólogos funcionalistas, Merton vê nas mudanças sociais mais que uma possibilidade de melhora, uma ameaça. Para Merton, com o mass media nasce uma nova era que potencializa as possibilidades de organizar e regular o funcionamento social.

Segundo sua teoria, os meios de difusão de massa teriam as seguintes funções:
    Concedem status hierárquico a pessoas e instituições que compartilham valores com o público, e os dotam de poder de sugestão; Aglutinam os gostos, as atitudes e os valores da multidão; Quanto mais ativas são as mensagens, mais passivos se tornam os receptores-consumidores; O “líder de opinião” proporciona uma aparência de individualização em uma sociedade massificada e unificada. Exemplo: queremos parecer únicos (personalizados) e ao mesmo tempo precisamos nos sentir pertencentes e aceitos por um grupo (identificação com iguais).


Teoria de Lazarsfeld

O sociólogo Paul Félix Lazarsfeld (1901-1976), sustenta em “As eleições acabaram” (1948), que os meios de comunicação e as campanhas eleitorais não influenciam diretamente sobre os votantes. As pessoas tendem a votar no candidato que prevalece em seu grupo social primário e não no qual aparece mais na mídia. Para Lazarsfeld, pessoas votam influenciadas pelos seus grupos sociais (família, igreja, clube social), o que o permite montar o seguinte esquema de influências:  

- Meio de comunicação de massas - Fatores intermediários (Tendências existentes / Entorno) - Condutas


Para refletir
Segundo Klapper, a comunicação de massa não é causa única e suficiente para determinar a influência, mas sim cooperam e reforçam tendências existentes.








FONTE:





Reflexões e Teorias da Comunicação - Parte II



Reflexões e Teorias da comunicação
(Continuando - Parte II)


Comunicação como processo social

Após analisar o modelo de Shannon, estudiosos americanos passaram a considerar o processo de comunicação social.
Levaram em conta: a palavra, o gesto, a mímica, o espaço físico, contexto, status e outros aspectos indissociáveis na comunicação.
Até mesmo em silêncio, comunica-se algo.
Esta conclusão partiu por volta dos anos 50 como resultado dos estudos de norte americanos em áreas interdisciplinares, como sociologia, psicologia, linguística, antropologia e matemática. 
Cada povo carrega sua própria cultura e suas regras de comunicação, o que foi notado pelo sociólogo Erving Goffman.


Para refletir

Ao chegar em outro país você nota que os costumes são diferentes. Como agir? Procura se inteirar para seguir os costumes ou mantém seus próprios hábitos, afinal você é um visitante? Você respeita os costumes e as tradições locais, pois você está na terra deles ou espera que eles sejam compreensivos com a sua cultura e que o permitam agir como se estivesse no seu país, de cultura e tradições diferentes?
Em que ou de que forma a diferença cultural pode interferir na comunicação entre duas pessoas de origens distintas? 


A Escola de Palo Alto

Goffman, sociólogo da corrente do interacionismo simbólico, estabelece as premissas para pensar a comunicação humana como uma interação, tendo em conta as regras e as estratégias do jogo.
Cada indivíduo pode querer manipular as regras para benefício próprio e construir um papel de si próprio que lhe permita impor uma melhor imagem. Cada um coloca em cena uma imagem de si, constrói um papel.
Surge a sociologia interacionista estudada na Escola de Palo Alto, na Califórnia, que considera a comunicação um processo integrador, indo além do modelo de comunicação simplesmente linear, pois comunicar é construir um sentido e criar interação. 

Indo além da comunicação interacional, e do modelo de Shannon, o pesquisador Yves Wikin leva em consideração as grandes estruturas sociais, classes e grupos determinados, relações de poder e a influência da mídia (meios massivos de comunicação).
Estes estudos abrem caminhos para questões como: os meios massivos têm poder para orientar ou provocar condutas e impor modas, ou, pelo contrário, expressam desejos, fantasias ou interesses já existentes no público? 
Um dos aspectos centrais dos estudos em comunicação consiste em indagar as relações entre sociedade e os meios de comunicação de massa.
As transformações sociais, políticas, econômicas e ideológicas que se verificam a partir da revolução industrial – e que se intensificam de maneira considerável na Europa e nos Estados Unidos, a partir da segunda metade do século XIX – dão lugar ao que se conhece como sociedade de massa.


Características da Sociedade de Massa

- Expansão do sistema capitalista industrial;
- Divisão e especialização do trabalho, maior demanda de trabalhadores e de qualificação profissional;
- Expansão da alfabetização e criação de sistemas educacionais;
- Complexidade das estruturas sociais;
- Integração e desenvolvimento dos mercados e das cidades;
- Crescimento da população;
- Organização da ordem social (o indivíduo, a justiça social, o trabalho regulamentado, a igualdade);
- Invenções tecnológicas permanentes.   



Comunicação de massa e sociedade

As grandes transformações econômicas criam condições para acesso progressivo de vastos setores da população aos direitos civis e políticos (como o direito ao voto e à educação).
O barateamento dos custos de produção e a alfabetização favorecem a distribuição massiva de bens culturais a um público ávido por consumir.
No final do século XX, crescem significativamente a circulação de periódicos (jornais e revistas), as edições populares de livros e as novelas impressas. Nasce, assim, a sociedade e a cultura de massa.

No começo da década de 1920, o rádio e o cinema se integram à vida de gente comum.








Apocalípticos e Integrados

Apocalípticos: Sentem nostalgia por uma época em que os valores culturais eram privilégio de uma classe. O condicionamento industrial que reproduz as expressões culturais, sustentam, é prejudicial. Seu olhar é desconfiado e conservador, por isso rechaçam qualquer modificação do que já existia e dirigem seus ataques à cultura de massa.
Integrados: Estes, segundo Umberto Eco, carecem de uma visão crítica: não se perguntam pelos interesses políticos e econômicos que sustentam as manifestações da cultura de massa (ou popular). Tão pouco indagam quem gera os produtos culturais e com que consequências. Pecam por certo “liberalismo cultural”. Supõem que a circulação livre e intensa é, em si, naturalmente boa e resulta em benefícios para a sociedade.


Sociedade Industrial

A cultura de massas é boa ou ruim? A cultura elitizada perdeu o seu valor?
Não seria melhor perguntar que ações e intervenções podem se dar para que os meios massivos de comunicação sejam veículos de valores positivos ao invés de simplesmente tentar barra-los ou julgá-los?
A cultura de massa é algo sem volta, tornou-se um produto industrial, direcionado a uma sociedade industrial que consome o produto cultura. 


Para refletir

O que é cultura?
Existe cultura boa ou ruim?
Uma pode ser melhor do que a outra ou que muda é o gosto pessoal, o nível de informação e a tradição de cada povo?
O que é sociedade? Por que e como ela se segmenta? 






O Funcionalismo

A Primeira Guerra Mundial dá início a um grande processo de industrialização e desenvolvimento tecnológico nos Estados Unidos, incluindo o campo da comunicação, que proporciona trocas culturais, estudadas pela sociologia funcionalista.
Na década de 1920 se dão as primeiras transmissões de rádio, sendo, em pouco tempo, colocadas em atividade mais de 600 estações de rádios comerciais.
No período entre guerras o funcionalismo intensifica seus estudos sobre a forma com que determinados fenômenos sociais afetam o funcionamento, a adaptação e a adequação normal de um sistema social.


Publicidade

A partir de 1919, a publicidade se converte em um fator econômico fundamental. A produção de bens em grande escala reduz os preços, mas a manutenção da demanda a longo prazo obriga a gerar mecanismos de identificação por meio da publicidade.


Comunicação Estratégica

A grande Depressão Econômica dos anos 1930, obriga ao presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt (1882-1945) a impulsionar uma reativação da sua política econômica e social. O plano era propor mais empregos e aumento aquisitivo para gerar maior consumo interno.
Reforçando a imagem de “país em pleno crescimento”, e contando com a população que acreditava nisso, cada vez mais pessoas foram apoiando sua política, favorecendo o plano em ação.
A opinião pública passa a ter papel fundamental. Para incentivá-la, são criadas estratégias de comunicação originais.
Uma estratégia publicitária e uma campanha eleitoral podem gerar, a curto prazo, modificações na conduta dos cidadãos, conforme estudos funcionalistas mostravam.


Mass Communication Research

A corrente funcionalista aplicada à comunicação de massa, conhecida como Mass Communication Research, reúne um grupo de investigadores com o propósito de conhecer a influência dos meios de comunicação sobre os indivíduos e a sociedade.
Estuda a comunicação de massas com os métodos das ciências experimentais (análise empírica) empregados na sociologia americana.
Esta corrente assemelha o funcionamento da sociedade a um organismo vivo: afirmam que a sociedade é um organismo vivo, composto por partes independentes que se influenciam mutuamente para manter o equilíbrio e buscar a harmonia em caso de desequilíbrios.
Desta corrente surgem expressões como “corpo social” e “célula básica da sociedade”.


Estudos dos Efeitos


    -  Analisar de maneira exaustiva os efeitos que se pretende alcançar;
-  Conhecer as características específicas dos receptores-consumidores;
- Estudar o desenvolvimento de mensagens apropriadas para que cheguem ao público e produzam os efeitos desejados
-  Medir resultados para retroalimentar o processo e melhorar as estratégias










FONTE: 





sexta-feira, 15 de abril de 2016

Reflexões e teorias da comunicação - Parte I



REFLEXÕES E TEORIAS DA COMUNICAÇÃO



O que é comunicação?
  •   Meio de interagir socialmente?
  •   Meio de criar laços afetivos entre pessoas e grupos?
  •   Meio de expressão de sentimentos, pensamentos e outros?
  •   Estratégia para exposição de ideologias?
  •   A comunicação é um meio ou um fim? 

Como se dá a comunicação?
  •   Via tecnologia: telefone celular, internet, redes sociais;
  •   Veículos de massa tradicionais: televisão, rádio, jornal impresso, revista;
  •   Por meio da arte: música, poesia, artes plásticas,
  •   De forma interpessoal: meio verbal (uso da linguagem falada ou escrita) e não verbal (postura corporal, gestos, movimento facial, vestimenta, comportamento). 


·         O que você observa na figura abaixo?  As pessoas estão interagindo?  Há sinais de comunicação verbal e/ou não verbal? Você é capaz de se expressar em silêncio?







Definição de Comunicação:

Algumas delas: compartilhar, tornar comum, dialogar, trocar informações, dar e receber feedback.

A comunicação vai além do fornecimento de dados e informações. Ela indica “ação” (como numa via de mão dupla, onde há uma resposta).

Para Aristóteles, o objetivo da comunicação é persuadir, influenciar.

A oratória é a arte da persuasão por meio da palavra falada. Segundo os gregos, o político não só deve ter bons argumentos como deve, também, convencer seu auditório.

Campos de estudos da comunicação: funcionamento social, poder, conhecimento, política, democracia, economia, tecnologia, psicologia.



Comunicação em ação

Estudar o fenômeno da comunicação implica considerar a forma em que se estruturam, produzem e recepcionam os diferentes tipos de mensagens. Também se pode centrar no estudo das ideias e valores que circulam através dos meios e as relações de poder que se vinculam através deles.

Também se pode analisar as possibilidades de produzir, receber e de participação nas mensagens, conforme determinados grupos, classes e nacionalidades;

Além da reflexão acerca das tecnologias, a comunicação aborda o estudo e análise dos acessos e usos que se dão a essas ferramentas pelos distintos atores e setores sociais.

A reflexão sobre a comunicação como fenômeno social data de tempos remotos. A sociedade é impensável sem comunicação e, como toda atividade humana, é uma prática completa e cheia de aspectos fascinantes.
A intensa atividade política na antiga Grécia obrigou a sistematizar o processo de comunicação. O objetivo: convencer o auditório. Em sua “Retórica”, Aristóteles define os componentes da comunicação:






Os termos “Comunicar” e “Comunicação” aparecem pela primeira vez na língua francesa na segunda metade do século XIV.
Em seu sentido básico, supõem uma ação comunitária de participar em comum, colocar em relação e remetem ao vocábulo latino “communicare”. Em inglês, são provenientes da raiz “communis”.
Ao se comunicar, as pessoas coparticipam, convivem. Na Idade Média adotou-se à ação de comunicar o sentido de “atuar em comum”.
A palavra “religião” tem um sentido parecido: vem do latim, “religare”, reunir, juntar.

Influências do capitalismo

O capitalismo comercial provocou mudanças no sentido “comunitário” da expressão. No século XV, os objetos de uso diário se tornam “mercadorias”, bens que se podem comprar e vender. E nesse contexto, a ideia de comunicação se translada a um objeto, torna-se algo que pode ser trocado, comercializado.

O capitalismo industrial, a partir do século XVII, e fundamentalmente do século XVIII, gera um crescimento nas fábricas, na produção e no consumo. O comércio cada vez maior de mercadorias requer o desenvolvimento de sistemas e canais eficazes para seu tráfego.

Transmissão

O termo comunicar – originalmente ligado a ideia de compartilhar, participar em comum ou colocar em relação – se entende como transmissão de um ponto a outro. Este significado predomina no século XIX com o surgimento da prensa e logo, no século XX, com o surgimento de meios de comunicação massiva (ou de massa).

Meios de comunicação: rádio, televisão, jornais, revistas e outros, num processo unidirecional.


Teoria Matemática de Shannon

A teoria matemática da informação foi desenvolvida em 1948, pelo engenheiro eletrotécnico e matemático Claude Elwood Shannon e Waren Weaver, com o desafio de encontrar uma maneira de comunicar a maior quantidade de mensagens com a menor interferência e o menor custo possível. A preocupação não é com a parte humana, e sim com a tecnológica.


Elementos da comunicação

Mensagem: se refere a palavra mesma, ou o sinal utilizado (falada, escrita);
Codificador ou emissor: aparato que transforma a informação em uma modulação física suscetível de ser transmitida por um canal. Por exemplo, o telefone transforma a voz em oscilações elétricas, quer dizer, cumpre a função das cordas vocais sobre a voz falada;
Canal: é o meio utilizado para transmitir o sinal desde o emissor ao receptor;
Decodificador ou receptor: efetua, geralmente, a operação inversa à realizada pelo emissor, decodificando o sinal para construir a mensagem (interpretação, compreensão da informação que lhe foi passada);
Destino ou destinatário: pessoa a quem chega a mensagem;
Ruído: qualquer fenômeno perturbador que venha a interferir na recepção.
  



Ruídos na comunicação

O ruído é a presença externa e aleatória de interferências que impedem a perfeita correspondência entre os polos na comunicação (emissor e receptor).

À medida em que o ruído aumenta, a comunicação se torna menos eficaz.

O conceito de comunicação é, portanto, oposto ao conceito de ruído.

A informação é a quantidade mínima de unidades que permitem ao receptor reconstruir a mensagem de maneira correta.

Quanto mais clara a informação, menos elementos se necessitam para ser compreendida, e mais protegida contra os ruídos.

O ruído causa distorções que podem comprometer a boa recepção da mensagem.

O modelo matemático de Shannon considera apenas os fatores técnicos da comunicação, não considerando os aspectos humanos envolvidos.


 Feedback

Norbert Wiener (1894 – 1964) foi professor de Shannon. Ele trabalhou a noção de feedback em 1948, vendo o processo de comunicação pelo viés sociológico, ou seja, pelas condutas humanas e sociais, o que se distancia do esquema linear de Shannon.

O feedback implica naquilo que chega no final do processo de comunicação, que provoca uma reação no receptor. Esta reação também pode influir no polo emissor.

O esquema de Wiener surge de uma preocupação pelo funcionamento técnico das máquinas. Por isso, quando se transmite, a comunicação humana pode parecer algo abstrato.

Por exemplo numa briga: um fala alto, o outro responde alto também, e o primeiro aumenta ainda mais o tom de voz e assim sucessivamente (retroação positiva, onde ambos fazem o mesmo). Em vez de elevar a voz, um deles poderia simplesmente reclamar, de forma educada ou pedir desculpas e não reagir elevando a voz, como o outro (retroação negativa).


Assunto amplo que não para por aí!

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FONTE: Comunicacion para principiantes



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