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quinta-feira, 27 de maio de 2010

Algo sobre ser prestativo

Comunicabilidade e Prestatividade


Lapa, dia desses, 7h30 da manhã. Dei sinal, o ônibus parou, subiram nele comigo mais 3 ou 4 pessoas. Para cada uma delas o motorista deu um espontâneo “bom dia”. O mesmo no ponto seguinte, e no outro, até que o ônibus ficou cheio até se parecer com a famosa lata de sardinha.
Comecei a entender que aquela saudação era o prelúdio de uma longa viagem que em nada se assemelhava ao meu conceito de um bom dia. Mas, lá estávamos nós, eu e mais tantas pessoas indo de um lado ao outro na cidade de São Paulo.
Fora o entupimento humano, tudo ia bem até que o motorista pegou uma rua onde o fluxo é contínuo, apesar de muito estreita e cheia de curvas. Por algum motivo ele resolveu acelerar, primeira curva, segunda, ele não tomou conhecimento delas e foi embora na mesma velocidade de uma reta sem obstáculos.
Não era o caso, e como diria o poeta, havia uma pedra no meio do caminho; fora os buracos da via, os motoboys sempre com tanta pressa e destemor, e um outro carro que numa barbeiragem qualquer fez o motorista virar a direção com tudo para um lado e em seguida para o outro.
Imagine você, poucos minutos antes a condução estava relativamente lotada, mas ainda suportável, foi enchendo de gente, ficando mais pesada e a cada curva me dava a sensação de que “agora vai virar” e virar neste caso seria tombar mesmo!
O homem que nos dava bom dia parecia agora ter se revelado o condutor do trem fantasma. O simpático e comunicativo motorista estava agora dando um exemplo clássico de que sem ser prestativo de fato, os outros atributos se perdem, não adianta muito.
Foi inevitável trazer este pensamento para o dia a dia das organizações e da vida comum: a comunicabilidade não significa prestatividade e não garante qualidade. Num minuto o motorista passou de herói a vilão.
De que adianta ele nos dar bom dia se quase acaba com nossas vidas na próxima curva? E a obrigação de fazer o seu serviço bem feito, onde fica?
Por bem feito entenda-se com segurança e prudência, e se possível mantendo seu bom humor, que esse sim não faz mal a ninguém.
Mas, entre o bom humor do motorista, e o bom senso em dirigir com prudência, dispenso aquele tal bom dia... Meu conselho é: seja comunicativo, mas seja ainda mais prestativo e garanta um resultado com qualidade. É disso que as pessoas esperam de você. E salve um bom dia para todos.

Talita Godoy
Maio / 2010

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